- Isso são horas de chegar em casa, Thalles? Onde você estava?- Sai da aula e fui pro shopping, pai.- foi com quem?- com alguns amigos, pai. - Eu não queria dizer que era com o Felipe, por causa do Lucas.Meus pais estavam muito sérios, o que me deixava muito nervoso e com medo, não sei o que o Lucas disse para eles, mas seu sorriso no rosto indicava que ele tinha conseguido o que queria, e pelo o andar da carruagem, ele contou aos meus pais sobre mim e o Felipe.- senta ai e vamos conversar. - meu pai conseguiu ser mais sério ainda.- o que aconteceu, pai? - disse já tremendo de nervosismo.- Não se faça de bobo, Thalles! Por que você ta fazendo essas coisas e ainda esconde de nós, filho? - meu pai foi ficando mais nervoso, minha mãe apenas assistia com um olhar sério também.- pai, eu posso explicar.- Não me interrompe porque eu ainda não terminei, Thalles. Não te eduquei pra isso, rapaz, você ta jogando seu futuro fora assim.- Pai, eu e o Felipe não temos culpa disso acontecer.- O Felipe também tava matando aula com você? Eu deveria saber disso.- Como pai? Matando aula?- Nem vem com desculpas, você acha que eu já não sei que você anda matando aula pra sair por ai vadiando pelo shopping, ta aqui quem não me deixa mentir. (ele disse apontando o dedo pro Lucas que já me olhava sério.) Ele viu e me contou tudo que você anda fazendo esses dias. Se eu ficar sabendo mais uma vez que você está matando aula pra vadiar, vou ser obrigado a te por de castigo, entendeu?- sim, pai.- Agora vai lá pro seu quarto que ele quer algo emprestado do seu computador.

Subimos eu e o Lucas até o meu quarto. Por dentro eu estava morrendo de raiva do Lucas, mas ao mesmo tempo aliviado. Lucas não conseguia parar de rir daquela situação que eu achei nem um pouco legal. Sua satisfação de me ver ali, sem reação perto dos meus pais era enorme. Chegamos no meu quarto, Lucas tratou logo de fechar a porta.- gostou da brincadeira? - disse ele irônico.- você é um filho da puta.- cala a boca, viadinho do caralho. Ta me achando com cara de trouxa?- quer que eu realmente responda?- Abre mais uma vez essa sua boca pra falar besteira e eu te encho de porrada. Eu não mandei você ficar longe do meu irmão? O que você ainda ta encontrando ele escondido? eu vi vocês dois no shopping hoje.- por que ta fazendo isso com a gente?- você não tem medo mesmo de eu contar pra todo mundo e fazer minha mãe despachar ele pra casa do meu avô, né?- o que você ganha com isso?- não te interessa, seu viadinho escroto, mas isso foi o ultimo aviso: se eu pegar você com meu irmão novamente, eu conto tudo. Entendeu?- não entendo o que te incomoda tanto no meu relacionamento com o seu irmão

- já disse isso, você o transformou na vergonha da família.- não, Lucas, não é só isso, eu tenho certeza. Tem algo a mais pra você ter tanto ódio assim do nosso relacionamento, mas não quer dizer. - não te interessa.- você ta escondendo alguma coisa, Lucas. Da pra ver nos seus olhos, sua preocupação em esconder isso e ser o mais calmo possível.- mais uma palavra e eu não respondo por mim.- vai me bater aqui? Na minha casa?- por que não? - quando Lucas tentou avançar para cima de mim, alguém bate na porta do meu quarto.- Thalles, ta ai? Abre a porta,sou eu, Thiago.Sai da frente do Lucas e fui abrir a porta do meu quarto. Quando Thiago entrou, ele logo foi em direção ao Lucas e começou a observá-lo de um jeito que dava pra ver que ele estava bravo.- vim aqui ver como você está e seus pais disseram que você estava aqui em cima com o Lucas, ta acontecendo alguma coisa? - disse Thiago sem tirar os olhos do Lucas.- ta tudo bem Thiago, o Lucas já está de saída, né Lucas?- sim, estou. Só não esquece do que eu te falei, você tem só até amanhã pra terminar esse namoro.- Amanhã Lucas? Por quê? - Sim, amanhã, e você vai entender o porquê. - Lucas deixou eu e o Thiago no quarto e foi embora.Naquele momento, eu apenas corri para os braços do Thiago, o abracei tão forte e comecei a chorar. Thiago ficou calado o tempo todo, mas pelo abraço apertado dele eu me senti protegido, senti que mesmo sem palavras, ele tentava me confortar, cada gesto que ele fazia secando as lágrimas que caiam do meu rosto com suas mãos macias, ou dos carinhos que ele fazia mexendo em meu cabelo, ou do abraço que ele deixava mais apertado e aconchegante. Ficamos uns cinco minutos ali, em pé, abraçados até eu me acalmar mais.- me desculpa por isso? - Disse todo envergonhado. Não sou uma pessoa de fácil se abater ou a se sujeitar a uma cena dessas, mas uma fraqueza tomou conta de mim e eu pude perceber que aos poucos eu estava mudando.- Não precisa pedir desculpas, isso acontece. Ele veio novamente te ameaçar, né?- sim, veio. Não sei mais o que eu faço.- não tem jeito, Thalles, você vai ter que tirar ele da sua vida, aliás, os dois.- eu sei. Me ajuda?- claro que sim.

Nesse momento Thiago me puxou mais uma vez para um abraço. Como o abraço dele a cada vez era mais gostoso. Pouco tempo depois minha mãe nos chamou para ir jantar, mas Thiago se recusou a jantar conosco e foi para a casa dele. Após jantar, voltei para o meu quarto, deitei na minha cama e depois de muitas lagrimas consegui dormir.No outro dia, era sexta feira, o último dia de aula da semana, graças a Deus. Nesse dia eu acordei mais desanimado que os outros dias e sem vontade nenhuma de levantar da cama, mas eu não podia estar faltando às aulas toda vez que me aparecia um problema. Levantei, fui pro banho, me vesti de qualquer jeito, apenas coloquei o uniforme cinza ridículo do colégio, uma bermuda jeans e um chinelo, passei perfume e desci para tomar café, nem ao menos penteei o cabelo. Quando chego perto da cozinha ainda pude escutar os sermões do meu pai, brigando com o Felipe com a história falsa de estarmos matando aula, ai me veio um frio na barriga, será que eu estava pronto pra encara o Felipe, ver ele ali na minha frente e lembrar que eu tinha que ter forças pra terminar com ele naquele dia? Mas a surpresa maior foi ver que ao lado do Felipe estava o Lucas. Quando o vi ali, meu espanto foi inevitável.

- o que você está fazendo aqui? - disse entrando na cozinha e indagando o Lucas.Por sua vez, foi Felipe que interrompeu a conversa com meu pai para explicar.- Bom dia Thalles, meu irmão vai conosco. Minha mãe finalmente conseguiu vaga pra ele no nosso colégio e ele começa a estudar hoje lá.- ele vai estudar no mesmo colégio que a gente agora? - disse mais desanimado ainda.- é bom mesmo, pelo menos alguém pra cuidar vocês. - disse meu pai.  (como meu pai consegue fazer os comentários dele no pior momento, fala sério)- e vai todos os dias com a gente pro colégio também?- sim, agora a minha mãe não precisa mais gastar com Van pra levar ele pra escola.- filho, não vai tomar café? - perguntou minha mãe.- não, perdi a fome. - sai da cozinha e fui esperar eles a área da frente. Felipe saiu e foi me encontrar lá fora.- Thalles, não sei por que você ainda implica com meu irmão, ele mudou e você sabe disso. Não sei por que você quer esconder nossos encontros, mas mesmo assim eu respeito. Eu sei que vai ser difícil com meu irmão estudando lá agora. Mas não fica assim, ta sendo ruim pra mim também.- desculpa, Lipe, mas eu não to muito bem hoje. Vamos deixar isso quieto.- e que historia é essa do seu pai dizer que estamos matando aula?- pergunta pro seu irmão, ele que saiu dizendo isso depois de nos ver no shopping ontem.Nesse momento meu pai já estava tirando o carro pra fora pra nos levar para o colégio e no caminho inteiro o Lucas não conseguia conter a sua animação vendo que estava conseguindo o que queria: me deixar irritado. Agora sim a minha paz tinha acabado.Durante a aula eu não conseguia prestar atenção em nada, apenas ficava com aquele aperto no coração, quando percebi, uma gota de lagrima caia sobre o meu caderno, justamente nas poucas linhas que eu já tinha escrito alguma coisa, misturando com a tinta da caneta, manchando a folha. Jefferson que estava ao meu lado, percebeu o que tava acontecendo e me chamou para conversar fora. Primeiro eu pedi ao professor para ir ao banheiro, depois de alguns segundos, o Jefferson também saiu da sala. Deixamos o segundo andar da escola e fomos até os bancos que ficam perto da cantina que estava vazia e começamos a conversar.- o que foi que ta acontecendo Thalles? - perguntou Jefferson.Fiz uma retrospectiva de tudo que tava acontecendo na minha vida amorosa, até aquele momento.- Cara, quem poderia acreditar que aquele pirralho podia guardar tanto rancor no coração e ser tão mal assim.- Não se engane com o sorriso daquela boca, pois por trás dele há um veneno letal.- Vai terminar com o Felipe hoje mesmo?- Não tenho escolha, Jefferson. Há dias venho evitando isso às escondidas, nos encontrando apenas aqui na escola, mas agora nem isso dá mais, pra fuder com tudo mesmo, a praga começou a estudar aqui também. Não tem mais como esconder isso.- é, amigo, a situação ta tensa. Sabe que pode contar comigo, né? Sempre que precisar.

- sei sim, amigo.Apenas nos abraçamos e depois continuamos a conversa.- Só não conta pra ninguém essa história, por favor, nem pra Carol.- claro que não, isso fica entre nós dois.- Valeu cara, agora vamos subir, já ficamos muito tempo aqui, vamos escutar coisas do professor. -  Antes de ir para a sala, liguei para o Thiago e pedi para que ele me encontra-se em frente à escola na saída, e depois liguei para minha mãe dizendo que não precisava me buscar, pois eu ia de carona.O resto da aula ocorreu normalmente. Após bater o sinal para ir embora, senti meu coração acelerar, pois é naquele momento que eu ia ter que terminar com o Felipe. Todos estavam saindo ficando por último somente o nosso grupinho e o Lucas que já estava na porta da sala nos esperando. Descemos as escadas, alguns continuariam ali na escola, quando me despedi do Jefferson, pude ver seus lábios tentando me dizer FORÇA, bem baixinho. Chegamos ao portão da escola apenas eu, o Felipe, o Lucas e o Vinicius. Thiago estava em frente à escola já com sua moto estacionada e dois capacetes na mão. Aquela cena me dava uma segurança, mas ao mesmo tempo um frio na barriga. Chegou o momento mais triste da minha vida até ali.

- Thalles, o que o Thiago ta fazendo aqui na frente?- ta me esperando, Lipe.- esperando pra que?- precisamos conversar, Lipe. Vamos atravessar a rua e ir lá na esquina, lá não tem ninguém.- conversar sobre o que?Não respondi, apenas atravessei a rua e fui em direção a esquina, Felipe foi me acompanhando.- o que foi, Thalles? O que o Thiago ta fazendo aqui?- Felipe, preciso te contar uma coisa, só não sei como fazer isso.- contar o que Thalles, ta me deixando preocupado.- Lembra que quando estávamos em Bonito, na quinta à noite o pessoal descobriu que somos gays e que estávamos namorando?- sim, eu lembro. Mas o que isso tem a ver agora?- na sexta feira o Thiago me contou que ele também gosta de homens.- e o que a gente tem a ver com isso?- e no mesmo dia ele se declarou pra mim, dizendo que me ama.- filho da puta desgraçado, eu sabia que esse cara tava a fim de você. Não é a toa que ele não sai mais da sua casa. Por que você não me disse isso antes?- Não é só por causa disso que ele não sai de casa, Lipe. - As lagrimas começavam a querer cair, mas eu não podia deixar. Não ali, eu não podia fazer isso na frente do Felipe.- por que então?Nesse momento meu coração disparou e eu achei que ia desmaiar, mas a minha reação foi apenas um suspiro forte e acabar com aquela aflição.- por que nós estamos namorando, Lipe.- vocês estão o que? - Felipe já começava a chorar- estamos namorando. Me desculpa, Felipe. - disse meio triste. Para quem via aquela cena, poderia achar que eu estava sendo frio e insensível, pois eu não esboçava reação nenhuma, mas por dentro, meu coração quebrava-se em mil pedaços e uma tristeza enorme tomava conta de mim.- você não está me dizendo isso, Thalles, não ta fazendo isso comigo, me diz que não, por favor?- mais uma vez, me perdoa. Tenho que ir. - eu já não aguentava mais aquela situação, sentia que a qualquer momento eu ia desabar em choros ali e voltar atrás, mas não podia. Sai o mais depressa que pude de perto dele e fui para onde o Thiago estava, deixando o Felipe ali, parado e chorando.Peguei o capacete com o Thiago, montei na garupa e fui embora. Chegando em casa, apenas entreguei o capacete ao Thiago, agradeci ele e sai correndo para o meu quarto. Joguei a minha mochila no meio do quarto e desabei na cama e comecei a chorar. Pouco tempo depois, Fui interrompido com o meu celular tocando, era o Jefferson.- Oi, amigo.- Oi Thalles, como você está?- mal, muito mal.- pois minhas noticias também não são nada legais.- o que aconteceu?- o Felipe foi atropelado.- como?- depois que vocês terminaram e você foi embora, ele foi atravessar a rua sem olhar e um carro atropelou ele.

- Meu Deus, e como ele tá?- Não sei, levaram ele pro hospital e to sem noticias.- sabe qual hospital que ele tá?- acho que ele foi pro hospital Unimed.- to indo lá agora.- me dá notícias, por favor.- tá bom, amigo, obrigado por avisar.- que isso, fala que eu desejei melhoras.- pode deixar. Tchau- tchau.Desliguei o celular e fui correndo me arrumar para ir ao hospital. Chamei um taxi e fui ate o hospital. Chegando lá encontrei a Laura na recepção.- Laura, como o Felipe está?- Agora ta bém Thalles, aparentemente só quebrou o braço esquerdo.- ele sai do hospital hoje?- não ele sai só amanhã. Ele bateu com a cabeça e os médicos resolveram deixar ele aqui hoje pra observação.- ele pode receber visitas?- pode ate às quatro da tarde. O Lucas ta lá com ele.- entendi. - após responder eu fiquei em silêncio.- Thalles?- sim, Laura.- por que você não estava lá? Por que ele não quer ouvir falar seu nome?Nesse momento eu fiquei pálido, fiquei sem rumo. O que eu iria dizer a ela? Depois de um breve silencio meu, pensando na desculpa, eu respondi.- eu e o Felipe brigamos hoje na escola.- é por isso que ele ta bem triste, Thalles?- não sei, Laura, se é por isso.- e qual foi o motivo da briga?- Laura, eu não sei como dizer.- foi por causa de garotas, né?- éé, sim, foi por causa disso.

- Thalles, garotas é o que não falta nesse mundo, e vocês tinham que brigar por causa de uma? Francamente guri, vocês são tão amigos, é tão legal ver a amizade de vocês, o companheirismo. Não deixa que essa briguinha estrague tudo.- tudo bem, Laura. Será que eu posso conversar com ele?- pode sim, mas juízo, ele não pode se exaltar. Deixa o Lucas voltar e você vai.- certo.Fiquei mais alguns minutos ali na recepção conversando com a Laura. Ela me contava como que aconteceu o acidente, contou que o motorista fugiu sem prestar socorro, mas que segundo testemunhas, já tinham anotado a placa e logo correria atrás disso. Disse que o Lucas foi quem ligou pra ela desesperado e quando ela chegou no local, a equipe do SAMU já estava lá atendendo o Felipe. Pouco tempo depois o Lucas chega até a recepção e me encara seriamente.- o que você ta fazendo aqui? - disse Lucas bravo- vim ver como o Felipe está.- você quase matou meu irmão, como tem coragem de aparecer aqui? - disse ele exaltado- chega, Lucas. - ordenou a mãe dele. - não vem fazer barraco aqui no hospital, aqui não é lugar disso. Além do mais o Thalles não tem culpa de nada que aconteceu. Vai, Thalles, lá ver ele.- Mãe, eu acho que o Felipe não vai querer conversar com ele.- Lucas, depois a gente conversa em casa. Vai, Thalles.- Obrigado, Laura.Deixei os dois na recepção e fui até o quarto do Felipe onde a Laura havia me orientado. Ao chegar, bati na porta e escutei-o dizendo que podia entrar.

- Oie, Lipe.- o que você ta fazendo aqui? - perguntou ele zangado.- vim ver como você está.- Já viu agora pode ir embora.- deixa disso e vamos conversar.- conversar sobre o que? Você já não disse tudo que tinha pra dizer não?- não vamos tocar nesse assunto agora. Vim aqui para ver como você está, eu me preocupo muito com você.- por fora eu to bem, não precisa se preocupar. Mas se for esperar pra curar por dentro, vou ficar anos aqui nesse hospital.- por favor, Felipe.- foi por isso né, Thalles?- o que?- que você não queria mais sair comigo, queria apenas se encontrar no colégio. Você já estava namorando com ele, né?- por favor, Lipe, você não pode se exaltar.-RESPONDE, PORRA!!!- sim, estávamos. - doeu mais ainda no meu coração ter que mentir isso pra ele.- você é um canalha, Thalles, um filho da puta. Você não podia ter feito isso comigo.- Desculpa, Lipe.- poxa cara, se realmente gosta daquele cara, ao menos terminasse comigo antes, não me fizesse de otário.- eu sei, Lipe, eu não fiz o certo. Sou um tremendo idiota.- Não se faça de vitima aqui. Você acabou comigo seu desgraçado.- Lipe, a gente ainda pode ser amigos.- Que amigos, Thalles? Você faz uma puta trairagem comigo e ainda vem na maior cara de pau dizendo em amizade? Seu eu fosse você nem olhava mais na minha cara, pois é o mesmo que eu vou fazer.- Felipe, também não precisa acabar assim.- Sai do quarto, Thalles.- poxa, Lipe, vamos conversar.- SAI DO QUARTO, CARALHO!!!Nisso uma enfermeira que tava lá fora, entrou no quarto para ver o que tava acontecendo.- enfermeira, tira esse cara daqui.- vem moço, deixa ele descansar, ele não pode se exaltar.- tudo bem.

Sai do quarto acompanhado pela enfermeira e algumas lagrimas já queriam cair, mas não podia chorar ali, ainda mais que eu toparia com a Laura na recepção e seria extremamente constrangedor explicar o porquê. Quando cheguei na recepção, o Lucas estava do lado de fora do hospital e a Laura conversando com a recepcionista. Apenas acenei com a mão pra Laura, que não entendeu nada, e fui até a porta pra ir embora.- Não sei o que você veio fazer aqui Thalles, já não chega ter feito isso com ele?- canalha, a culpa foi toda sua do seu irmão ta aqui.- minha culpa? - se fazia ele de desentendido- nem vem com falsidade que você sabe muito bem. Se não fossem suas ameaças, eu não tinha terminado com o Felipe e ele não tava ali dentro com o braço quebrado.- minhas ameaças? Do que você ta falando?- Para de ser cínico. Chega de se fazer de besta.- pra todos os efeitos, Thalles, eu não fiz nada. Se você abrir a boca, eu espalho pra todo mundo que você é gay. Acabo com a sua reputação.- e estragar a do seu irmão também?- claro que não, ninguém vai saber sobre ele. Só falo sobre você mesmo.- e vai provar como?-tenho meus métodos, eu não blefo Thalles.- já não conseguiu o que queria? Graças ao que aconteceu hoje, seu irmão nem olha mais pra minha cara, assim como você queria. Pra sua felicidade, eu to saindo da sua vida e da sua família. Você não me verá mais. Ta contente? Porque eu não to. Mas se tem uma coisa boa nessa história, é que eu não vou precisar mais te aturar. Nem ao menos olhar pra sua cara.- ta nervosinho?- você é um lixo Lucas, é um nada. Eu tenho nojo de você a cada dia que passa. Você consegue ser insuportável.- eu também te amo.- vai se fuder. – deixei-o lá e fui embora pra minha casa.

Cheguei em casa me tranquei no meu quarto e apenas fiquei ali, curtindo a solidão, e mais uma vez entrando em depressão.No sábado de manhã o Felipe já saia do hospital e nossos amigos iam na casa dele na parte da tarde para visitá-lo. Jefferson me ligou, chamando para ir, e pelo celular mesmo eu contei a situação e pedi que me mantivesse informado de tudo o que acontecia com o Felipe. Meus pais nesse final de semana viajariam para uma cidadezinha perto de Campo Grande, então me deixariam sozinho o final de semana inteiro. Minha mãe ainda insistiu para que eu fosse junto, mas apenas neguei e encerrei o assunto. Na parte da tarde Thiago ainda me ligou perguntando se podia ir em casa, mas naquele final de semana eu apenas queria ficar sozinho, por isso menti avisando que iria com meus pais pra essa cidade.Passei o dia inteiro deitado, sem forças pra nada, apenas fiquei no silencio e na escuridão vendo o tempo passar. Nada me dava animo, nessas horas não pensava em TV, PC, PSP e outros. A única coisa que eu pensava era no nosso namoro. Apenas as lembranças dos nossos momentos juntos me vinham na cabeça. Não parava de pensar no Felipe, minha vontade era de sair correndo ao seu encontro, abraçá-lo bem forte e dizer eu te amo, que tudo isso que aconteceu era mentira, que fui obrigado a fazer aquilo. Um sentimento horrível tomava conta de mim quando lembrava que eu não podia fazer aquilo. Certos momentos, pensei que não tinha mais razão pra viver e pensamentos absurdos tomava conta de mim. Eu já não prestava mais atenção no que fazia e estava agindo por impulso, quando me dei conta, eu estava na cozinha, com uma faca amolada numa mão e olhando para o pulso do outro braço.Será realmente que eu conseguiria fazer aquilo? Cortar os pulsos, para sangrar e morrer? Naquele momento sim. Pode parecer um pouco dramático, mas só quem passou por um momento assim sabe do que eu estou falando. Para os fortes, é fácil falar: "tirar a vida, por causa de uma besteira de amor que não deu certo. isso é uma bobagem." Mas não é assim que enxergamos quando estamos nessa situação. Realmente para mim eu considerava o fim do mundo. A situação era diferente, eu sabia que o Felipe não ia voltar dessa vez arrependido, pedindo para voltar como nas nossas brigas anteriores, dessa vez era sério.

Lagrimas caiam do meu rosto e eu apenas observava a faca. Será que eu seria covarde se não conseguisse fazer aquilo, ou covardia maior seria se eu fizesse?- vai mesmo fazer isso Thalles?- Thiago?- Larga essa faca. Você não precisa fazer isso. - Thiago estava na porta da cozinha apenas me observando.- me deixa. - disse sendo um pouco grosso.- nem pensar. - Thiago se aproximou aonde eu estava e tirou a faca da minha mão e me arrastou até a sala e me fez sentar ao lado dele no sofá.Nesse momento ele apenas me abraçou e eu comecei a chorar sobre os ombros dele. Aquilo já estava virando um habito. Sempre fui uma pessoa segura e forte, não me abatia por nada e não chorava a toa, mas por esses dias eu estava diferente, odiava admitir aquilo, mas eu estava carente. Ficamos um bom tempo ali abraçados e eu chorando que nem um bebe. Aos poucos eu fui me acalmando, também pudera, o abraço do Thiago era como um calmante para mim. Era nesse abraço que eu me confortava sempre que passava por uma situação difícil. Thiago aos poucos tava se tornando meu anjo da guarda. Depois disso, ele ligou a TV e me fez deitar no seu colo.- você realmente ia fazer aquilo, Thalles?- Acho que não. Sou fraco pra fazer aquilo e certamente eu ia desistir mesmo.- isso não é sinal de fraqueza Thalles, desistir disso só mostrou que você é forte e encara seus problemas de frente.- Mas isso não vai trazer ele de volta.- eu sei que você ama muito ele, Thalles, mas isso passa. Eu já sofri por amor antes, eu sei que isso vai passar.- vai mesmo?- me da uma chance e eu te mostro que sim.- não sei se isso é certo Thiago, eu não to bem e... - Minhas palavras foram silenciadas pela boca do Thiago que já se encostava à minha e com um beijo delicioso e macio me acalmei. - Thiago, não faça mais isso, por favor. Me de um tempo, por favor.- um tempo? Então vamos namorar?-vai com calma, Thiago. Poxa, ainda to sofrendo e to muito carente. Não to em condições de pensar em nada agora, vou acabar me machucando mais ainda e te machucar também.- desculpa, você ta certo.- e o que você veio fazer aqui? - perguntei curioso e me dando conta que eu não sabia como o Thiago foi parar na minha casa no momento certo.- vim te salvar. - disse ele debochando.- to perguntando serio, pô.- minha mãe ligou pra sua mãe e ela disse que você não tinha ido na viagem. Então eu peguei a chave da sua casa com a minha mãe e vim ver se você estava bem, e perguntar por que você estava fugindo de mim.- Desculpa, eu apenas precisava de um tempo sozinho.- mas não foi uma boa idéia, né?- é. - disse meio sem graça por ter feito um papelão daquele.- já comeu?- Não to com fome.- está sim.- to não, Thi.- nem vem com Thi e todo manhoso. Desde que horas você não come?- desde ontem na hora do almoço.

- Thalles, já estamos no sábado à noite e você não colocou nada no estomago. Vamos comer algo agora.- Na boa, Thiago, não quero nada.- não discuta comigo. Já ta decidido, pronto e acabou. Tem alguma coisa que da pra gente fazer pra comer?- eu acho que não.- então eu peço pizza, escolhe um sabor ai.- sério, Thiago, não to com fome.- chega, Thalles, já disse que vai. Já que não escolhe, eu escolho. Só não vai reclamar depois.- A pizza vai demorar pra chegar e já ta tarde, vai ficar perigoso você ir embora nessa hora.- e quem disse que eu vou embora?- como assim?- eu não vou te deixar sozinho esse final de semana. Não vou deixar você entrar em depressão de novo e ficar doente como aqueles dias. O que me garante que você não vai acordar de madrugada com outro pensamento daqueles?- já to melhor, pode ficar tranquilo que eu não vou mais tentar me matar.- mesmo assim eu vou ficar aqui, e, por favor, não me expulsa da sua casa.- claro que não seu bobo, não vou fazer isso.- então fechou, vou ligar na pizzaria.A noite passou tranquilamente, eu não conseguia entender como o Thiago estava me aguentando. Ele fazia de tudo pra me agradar, levantar a minha moral, fazer esquecer tudo e curtir o momento, mas as tentativas todas eram em vão. Na madrugada, estávamos deitados no sofá assistindo a um filme de comédia que passava na TNT. Thiago ria muito do filme. Embora o filme seja muito engraçado, eu não conseguia dar nenhuma risada, aliás, eu nem prestava atenção no filme. Em alguns momentos eu me peguei novamente chorando, e Thiago com sua paciência e dedicação vinha ate a mim, se ajoelhava e me dava um beijo da bochecha e um abraço até eu me acalmar novamente.- fica assim não. Da um descanso aos seus olhos que já não aguentam mais chorar.- to tentando, Thi. Vamos dormir?- Vamos sim, eu to com sono também. Vamos pegar os colchões e colocar aqui na sala mesmo.- você que sabe.- fica ai então que eu já volto.Thiago subiu as escadas e um tempo depois ele desce com dois colchões de solteiro. No meio da sala ele colocou os dois colchões e ajeitou os lençóis. Ele se ajeitou em um e eu no outro. Apagamos a luz e fomos dormir. Eu Não conseguia dormir, por mais que eu tentasse, eu não pegava no sono, mas também fazia de tudo pra não atrapalhar o sono do Thiago. Certo momento, decidi ir até o quarto da minha mãe e ver se ela ainda tinha um calmante que o medico receitou a ela uma vez. Quando me levantei do colchão, o Thiago já se levantou também.- aonde você vai? perguntou ele meio sonolento.- no quarto da minha mãe ver se eu acho um calmante. Não consigo dormir.- eu percebi, vai lá.- tava acordado?- sim, não preguei o olho até agora, tava te cuidando.- não precisa disso, Thi, eu não vou fazer nenhuma besteira.- Vai buscar o calmante, vai. - disse ele meio risonho e com cara de sono.

Fui ate o quarto e encontrei o frasco do calmante, nele ainda tinha umas dez capsulas, olhei se não estava vencido e peguei duas capsulas, desci e fui ate a cozinha pegar um copo de água para tomar. Quando voltei, o Thiago ainda continuava sentado no colchão me esperando.- tomou?- sim.- quantos?- dois.- tudo isso?- se preocupa não, é normal, minha mãe também toma essa quantidade.- ta certo, vamos dormir.Pouco tempo depois o remédio fez efeito e eu apaguei.Acordei meio tonto ainda e com dificuldades de levantar do colchão. Aos poucos e com muita dificuldade eu consegui pegar o meu celular que estava em cima do sofá e olhei tentando ver que horas eram. Assustei quando vi que era quase duas da tarde. Da sala, deitado, eu escutava um barulho na cozinha e conversas, então reuni mais forças, levantei e fui ver quem era. Era a Maria e o Thiago conversando. Quando cheguei na porta, os dois me observava.- vai me dizer que dormi muito e hoje é segunda?- não seu bobo, é domingo mesmo. - brincou Maria.- e o que a senhora ta fazendo aqui?- eu liguei para a minha mãe e pedi pra ela vir aqui fazer almoço pra nós.- não precisavam se incomodar.- que isso menino, ta tudo bem. Não tinha nada em casa mesmo, Então passo o dia aqui. Liguei para os seus pais e eles disseram que chegam a noite. - disse Maria.- sobe e toma um banho, Thalles, pra espantar essa preguiça do corpo. - sugeriu Thiago- é, vou mesmo.Subi para o meu quarto, tomei um banho e depois desci para almoçar. Tudo ocorreu normal no domingo e no final da noite meus pais chegaram e a Maria e o Thiago foram embora.Após me despedir deles, eu apenas fui para o meu quarto, entrei rapidamente no meu MSN e Orkut. No MSN, eu vi que o Felipe estava online, e quando ele percebeu que eu estava on, ele ficou invisível. Não sei se ele tinha saído do MSN ou só ficado invisível, mas a frase do MSN dele terminou de partir meu coração.FELIPE - A maior covardia de um ser humano é despertar o Amor de uma pessoa sem ter a intenção de amá-la. :(Realmente ele achava que eu não o amava, mal ele podia imaginar o quanto eu estava sofrendo com tudo aquilo, mas eu tinha a esperança de um dia acabar com aquele mal entendido. Apenas sai do meu MSN e fui dormir, afinal parecia que o remédio era realmente bom, eu já estava com sono novamente.Na segunda de manhã, a rotina de ir para o colégio novamente se cumpria, ao menos uma parte dela, pois dessa vez eu já sabia que não encontraria o Felipe lá embaixo, me esperando como todos os dias. Por esse motivo, nesse dia eu nem pisei os pés na cozinha, fui direto pra sala esperar meu pai.- o que foi campeão? Não vai tomar café?- hoje não, to sem fome.- já conversamos sobre isso, essas suas faltas de apetite de manhã. Você sabe que tem que se alimentar bem, não é bom pra um estudante, ir pra escola de barriga vazia. Assim não vai aprender nada.- ta bom, pai, qualquer coisa eu como algo na escola, agora vamos ?

No caminho inteiro eu fiquei pensativo em como seria encontrar com o Felipe no colégio. Quando cheguei na escola, eu vi o Jefferson sentado sozinho em um dos bancos em frente a escola e fui lá conversar com ele.- como você está?- um pouco melhor hoje. Felipe Já chegou?- chegando ali.Quando olho para trás eu vejo o carro da Laura estacionando e o Felipe e o Lucas descendo do carro. Lucas ajudava o irmão com a mochila, já que ele tava com dificuldades de sair do carro por causa do braço quebrado.- Oi, Thalles, tudo bom?- tudo sim, Laura, e você?- to bem também. Aparece em casa quando puder.Realmente aquele convite me deixou sem ação e a única coisa que eu consegui responder foi um "pode deixar". Após a Laura sair com o carro, olhei para o Felipe que apenas balançava a cabeça negativamente e puxava o irmão para dentro da escola.Aquela semana foi a mais difícil para mim, eu ainda sentia muito a falta do Felipe, e ter ele ali no colégio, perto de mim e não poder abraçá-lo e dizer eu te amo era muito ruim. Todos os dias o Thiago ia ao colégio me buscar e, às vezes, ele passava a tarde inteira comigo. No sábado, no começo da noite, ele me chamou para sair, apenas andar sem rumo e esquecer um pouco da vida. Aceitei o seu convite e saímos.- Antes vou passar lá em casa, Thalles.- pra que?- pegar meu violão.- o que você vai fazer?- nada, apenas tocar. Vamos lá pro Lago do Amor passar o tempo e tocar um pouco.- então vamos.Nota: Lago do amor é um lago que fica dentro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Em volta desse lago foi limpo, deixando apenas um gramado. No lago há vários peixes e tartarugas, e no perímetro em sua volta há também capivaras. Foram criados em volta calçadas e bancos para o pessoal apreciar a natureza e a beleza do lugar. Pouco depois, o local virou uma atração turística de Campo Grande. O nome foi escolhido devido o local ser freqüentado por casais que procuram um lugar sossegado e tranqüilo para namorar.

Passamos na casa do Thiago, pegamos o violão e fomos para o Lago do Amor. Já estava de noite e o local estava pouco movimentado. Estava um clima ótimo. Sentamos em um dos banquinhos mais afastados e começamos a conversar e cantar. Algumas pessoas que passavam por onde estávamos, paravam e nos observavam um pouco, algumas garotas ficavam com a gente cantando e conversando. Passado algumas horas ali, já estávamos sozinhos, o Thiago ainda estava cantando. Ele tem uma voz linda e suave e, escutar ele ali cantando me fez esquecer o mundo e dos problemas de viver nele. - Thalles, vou cantar uma musica especialmente para nós dois.- oba, quero ver.- espero que goste.

Lendas e MistériosMaria Cecília e Rodolfo
Diz a lenda que muitos e muitos anos atrásUm casal que se amava contra a vontade dos paisSe encontravam escondidos na escuridãoEram guiados pela força da sua paixãoEra o amor vencendo o medo,Eles guardavam o segredo a sete chaves em seu coração
Deus ouvindo as preces daquele jovem casalResolveu, lá do céu, lhe mandar o mais lindo sinalE nesse instante uma luz iluminou o céuE ele prometeu olhando em seus olhos de melO mundo inteiro vai saber que foi o nosso amor que fez nascerA lua cheia no céu
Pra iluminar quem quiser amarUma vez por mês a lua cheia vai brilharLendas e mistérios de um amor eternoQue nem mesmo o tempo foi capaz de apagar
Foi assim que aconteceuUm amor que não morreu

Deus ouvindo as preces daquele jovem casalResolveu, lá do céu, lhe mandar o mais lindo sinalE nesse instante uma luz iluminou o céuE ele prometeu olhando em seus olhos de melO mundo inteiro vai saber que foi o nosso amor que fez nascerA lua cheia no céu
Pra iluminar quem quiser amarUma vez por mês a lua cheia vai brilharLendas e mistérios de um amor eternoQue nem mesmo o tempo foi capaz de apagarPra iluminar...Uma vez por mês a lua cheia vai brilharLendas e mistérios de um amor eternoQue nem mesmo o tempo foi capaz de apagar
Foi assim que aconteceuUm amor que não morreu

- Nossa, Thiago, é linda essa musica.- pode ser a nossa musica se você quiser.- eu aceito.- Thalles, sei que já conversamos muito sobre isso, mas você sabe que eu gosto muito de você, por isso eu quero te perguntar novamente, sério: Quer namorar comigo?- sim, eu aceito.Nesse momento começamos um beijo ali mesmo, o Thiago beijava muito bem, melhor até que o Felipe. Seus beijos tinham mais paixão e desejo. Algumas pessoas passavam por nós e comentavam baixinho, talvez estranhando ou xingando, sei lá, não prestava atenção neles e sim no beijo do meu novo namorado.
Os dias foram passando lentamente e um mês já havia passado desde que eu terminei com o Felipe e comecei a namorar sério com o Thiago. Claro que em nenhum momento escondi dele que eu ainda amava o Felipe. Em nenhum momento eu queria enganar o Thiago e nem usá-lo como objeto somente para fazer o Felipe acreditar nesse namoro. Embora eu procurasse ao máximo esquecer o amor que eu sinto pelo Felipe, algumas vezes eu me pegava pensando nele, e o Thiago percebia. Sei que ele não se sentia bem com essa situação, mas estava bem empenhado em me fazer esquecer ele. Thiago tava se tornando um ótimo namorado e eu estava me empenhando ao máximo para retribuir tudo aquilo que ele fazia por mim. O Lucas parecia que não me esquecia, mesmo que eu já não tivesse algo com o irmão dele, ele ainda estava no meu pé, e me importunava todos os dias no colégio. O Felipe já havia tirado o gesso e estava mais alegre um pouco. Nesses dias que passaram, Felipe e eu não trocamos nenhuma conversa. Na sala, ele e o Raffa se sentavam separados de resto do pessoal e aos poucos, a Isah e o Vinicius já estavam junto com eles, os únicos que não me abandonaram em nenhum momento foi o Jefferson e a Carol. Aliás, minha amizade com eles nesse período só aumentava, causando um certo de desconforto no Felipe, que já não era mais o mesmo com o casal.

Na terça feira, eu desci para o intervalo junto com o Jefferson e a Carol para comprar lanche. Quando tocou o sinal, subimos para a sala e eu fui direto para a minha mesa, deixando a Carol e o Jefferson conversando na porta. Ao olhar para o lado eu vi que pela primeira vez o Felipe me encarava e fazia questão de mostrar isso. Ao sentar na minha cadeira, olhei que tinha algo no meio do meu caderno, quando o abri, um nó na garganta se formou e uma lagrima escorreu do meu rosto. Ali estava a aliança de namoro que pertencia ao Felipe e escrito numa folha em branco: Pra mim, foi bom enquanto durou. Faça bom aproveito dele.




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