O ônibus ia saindo de Dourados e eu já voltava para casa. No caminho eu pensava em como aquele final de semana foi bom para me fazer esquecer um pouco os problemas amorosos recentes. Embora fantasmas do meu passado voltassem a assombrar, ao menos eu sentia que aquele assunto já estava resolvido. Agora, ao menos, eu já entendia o porquê da traição e finalmente o rancor que eu carregava dentro de mim foi embora. Sem duvidas aquele final de semana foi importante para mim. Após um tempo perdido em meus pensamentos, Bruno que estava do meu lado resolveu puxar assunto, ai que fui me lembrar daquele garoto lindo que estava ao meu lado.

- vai para Campo Grande? - perguntou ele.

- sim, vou sim. E você?

- também. Mora em que lugar lá?

- no centro e você?

- carandá bosque.

- legal. Tava a passeio em Dourados?

- sim, na casa de parentes. O que achou da festa?

- foi boa. Você foi?

- sim. Eu te vi lá de vampiro.

- caramba, que coincidência. E você foi do que?

- eu estava de policial.

- hum... E algemou muita gente lá?

- Não, quem eu queria algemar já tinha arrumado outra pessoa lá.

- chato né?

- sim, mas pelo que eu pude ver oportunidades não vão faltar.

- acredite que consegue.

Continuamos a conversa até chegar à próxima cidade, lá alguns desceram e outros subiram no ônibus como em qualquer viagem, mas o que me chamou a atenção foi uma mulher chegando perto de onde estávamos. Ao chegar à nossa frente, ela dirigiu-se a palavra ao Bruno.

- Desculpa moço, mas parece que essa poltrona é a minha.

- ah sim moça, eu peguei a poltrona 37, aquela ali na janela. A senhora pode sentar naquela? É que eu to aqui com o meu amigo.

- sim, posso sim.

Então a moça foi até a poltrona 37, que estava vazia, mas não muito longe de nós.

- achei que você tinha pegado essa poltrona. - disse a ele meio confuso.

- nada, eu peguei aquela.

- e por que sentou aqui?

-pra gente conversar. Se não quiser eu troco com a mulher.

- Não, fica aqui.

Continuamos a viagem inteira conversando. A conversa variava entre a festa ou nossa vida em Campo Grande. No final da viagem parecíamos amigos de infância, trocamos MSN, numero de celular e outros. Bruno era uma pessoa super legal, divertido, sem contar que ele também é muito lindo. Chegando à rodoviária, eu e o Bruno fomos os últimos a descer do ônibus, antes de descer, ele veio se despedir de mim com um abraço.

- gostei muito de te conhecer, cara. Espero que possamos nos encontrar mais vezes e sermos amigos.

- é claro, pode deixar que nós vamos se ver direto.

Demos um abraço ali mesmo dentro e depois descemos do ônibus. Meus pais já estavam na rodoviária me esperando. Peguei a minha mala e fui até onde meus pais estavam.

- E ai campeão, como foi de viagem?

- foi bem, pai.

- como estão seus avós? - perguntou minha mãe

- estão bem, mandaram avisar que vem pra cá no mês que vem.

- que bom, eles ainda não conhecem a nossa casa aqui.

- vamos que eu não quero pagar mais uma hora naquele estacionamento. – disse meu pai

Chegamos ao estacionamento, guardei a minha mala no porta malas e fui para o banco de trás. Saímos do estacionamento e já estávamos saindo da rodoviária quando eu vi o Bruno pro lado de fora, perto de um ponto de taxi, parecendo esperar alguém.

- Pai.

- fala.

- pode levar um amigo meu na casa dele?

- que amigo?

- aquele que tava comigo no ônibus, que desceu junto comigo.

- posso, cadê ele?

- ta ali perto do ponto de taxi.

- vou parar aqui, vai lá chamar ele.

Desci do carro e fui até onde o Bruno estava.

-Bruno, quer uma carona?

- precisa se preocupar não Thalles, já chega um taxi aqui e eu vou pra casa.

- deixa disso, meu pai te leva lá, vamos?

- então vamos.

Eu e o Bruno entramos no carro e fomos conversando sobre a viagem no caminho. Minutos depois, Bruno e meus pais já estavam bem enturmados. Geralmente meus pais são de fazer amizades fácil, mas dessa vez eles me surpreenderam, pois foi mais fácil ainda, quem via a cena, imaginava que eles já se conheciam faz tempo. Bruno também era uma pessoa fácil de enturmar. Chegamos à casa dele, desci do carro para abrir o porta malas pra tirar a mala dele e meus pais continuavam dentro do carro. Enquanto estávamos tirando a mala, a mãe do Bruno apareceu no portão para nos recepcionar. Ela é uma pessoa bem simpática e agradável e enquanto conversamos, ela estava perto do carro agradecendo aos meus pais pela carona e chamando- nos para jantar, mas meus pais recusaram. Despedimos deles e fomos para a minha casa. Chegando em casa, tomei um banho, jantei com os meus pais e depois fui para o meu quarto. Lá eu liguei o meu PC, coloquei algumas musicas e entrei no MSN.

No MSN estavam o Jefferson, o Raffa e o Felipe online. Assim que eu entrei, o Jefferson já veio conversar comigo, perguntando como foi a viagem e outras coisas. Enquanto eu conversava com ele, eu adicionava o Bruno no MSN. Eu resolvi tentar uma conversa com o Felipe, mas ele não chegou nem responder o meu OI. Minutos depois ele mudou sua frase do MSN para:

FELIPE - Final de semana maravilhoso.

Obvio que eu fiquei curioso. Perguntei ao Jefferson se ele sabia de alguma coisa, ele me disse apenas que teve uma festa na casa do Raffa no sábado, mas que ele e a Carol não foram convidados. Após o Jefferson me dizer isso eu pude notar que o nosso grupo estava se desmanchando: o fato de eu ter terminado o namoro daquela forma com o Felipe, já me fazia esperar que, algumas pessoas que não soubesse da historia, não aceitassem o que eu fiz, me julgasse mal e terminasse a amizade comigo. Mas o que eu não podia era admitir o fato deles estar afastando a Carol e o Jefferson do grupo. O casal estava apenas me apoiando, ao invés de me abandonar, como muitos fizeram. Eles eram super amigos antes de eu aparecer não queria que, por minha causa, eles fossem excluídos grupo. Tenho certeza que o Raffa não deixaria de convidar a Carol e o Jefferson, mas a pedido do Felipe e o Vinicius, ele acabou cedendo.

Minutos depois eu vi que o Bruno entrava no MSN. Não sei por que, mas nesse momento meu coração acelerou e uma felicidade tomava conta de mim. Assim que ele entrou, já veio puxando assunto comigo. Ficamos um tempo conversando e logo já o apresentei ao Jefferson. Ficamos no janelão até umas horas. Na madrugada, eu já estava morrendo de sono e sabia que no outro dia tinha que ir pro colégio, mas a conversa estava muito boa e nenhuns dos três queriam ir dormir. Conversamos mais uns 20 minutos e depois nos despedimos e eu fui pra cama deitar e descansar.

No outro dia acordei as 06h40min, eu estava atrasado e bem atrasado. Levantei e fui até o banheiro e tomei meu banho, um pouco mais rápido que os outros dias. Depois de alguns minutos eu me enxuguei e sai do banheiro enrolado na toalha, quando entrei no meu quarto eu levei um susto que até a minha toalha caiu, era o Lucas ali sentado na minha cama.

- o que você ta fazendo aqui no meu quarto?

- Seu pai mandou você descer logo.

- e o que você ta fazendo aqui na minha casa?

- minha mãe não vai poder nos levar hoje e nos deixou aqui e pediu pro seu pai nos levar hoje.

- ta bom.

Fui pegar minha cueca no guarda roupa e notei que o Lucas ainda não havia saído do quarto.

- Hey, gostou do que viu?

- eu não sou viado igual a você.

- então vaza do meu quarto.

Ele saiu e eu pude me arrumar em paz. Terminei de me vestir correndo e peguei meus materiais, passei perfume e enquanto eu ia saindo do quarto, recebi uma mensagem, era o Bruno me desejando bom dia, nesse momento eu fiquei com um sorriso bobo de orelha a orelha, quando notei, eu estava terminando de ler a mensagem dentro da cozinha e é claro que todos viram.

- que foi que todo mundo ta me olhando?

- e esse sorrisão em rapaz? Mensagem da namorada? - perguntou meu pai.

- não. - apenas respondi.

Felipe me olhava com uma cara feia, que dava pra notar muito bem o seu ciúmes, já o Lucas me olhava de um jeito como se pagasse qualquer coisa pra descobrir o motivo da minha felicidade. Como já estávamos atrasados, eu nem tomei café, fomos direto pro carro e fomos para o colégio. No caminho eu escrevia uma mensagem para o Bruno desejando a mesma coisa. Nisso meu pai, sem assunto, resolve escolher um e complicar mais a minha vida.

- gostei do seu amigo, Thalles, Bruno o nome dele né?

- é pai.

- convida ele pra vir em casa qualquer dia desses, ele é bem legal, ai você chama os meninos também. Chama um final de semana que dai eu e a sua mãe ta em casa também.

- pode deixar pai.

Chegando ao colégio, descemos do carro e entramos. Como nós chegamos atrasados, ficamos fora da sala até bater o sinal da segunda aula. Só nos restou ficar na cantina esperando.

- mensagem do Thiago? - perguntou Felipe

- não, não era dele.

- então do seu novo amiguinho?

- e se fosse? Algum problema?

- não, não tem problema nenhum.

- Felipe, nós dois precisamos conversar.

- eu não sei se temos algo pra conversar.

- temos sim, mas a sós.

- não preciso esconder nada do meu irmão. - nisso o Lucas já nos observava.

- por favor, Felipe.

Felipe pensou um pouco e pediu para o irmão que se retirasse. Lucas no começo não gostou muito da idéia, mas logo acatou a ordem.

- e então, o que é que temos que conversar?

- essa situação entre a gente.

- o que tem?

- Cara, você sabe muito bem que a situação não está muito legal e ainda estamos afetando as pessoas em nossa volta.

- do que você ta falando?

- você sabe do que eu to falando Lipe. Poxa cara, eu entendo perfeitamente que você esteja chateado, bravo, ou sei lá o que for comigo, e não tiro o seu direito e nem o direito de ninguém que queira pensar nisso, mas não afasta o grupo não. Por favor.

- Thalles, eu não estou afastando ninguém.

- Tá sim, ta fazendo isso com o Jefferson e a Carol, por que eles não me abandonaram e estão me apoiando.

- e você quer que eu faça o que? Você me traiu. Faz-me apaixonar por você e depois mete o pé na bunda em mim. O pior que os dois sabem disso e ainda te apóia. Como você quer que eu ainda seja amigos deles?

- Lipe, ninguém tem a ver com a nossa separação, cara. Isso é problema nosso, só de nós dois, por isso não envolva mais ninguém nessa história. Eles sempre foram amigos, e por causa disso, o grupo ta se desmanchando. Sério, não envolve mais eles no nosso problema.

- Thalles, não dá pra eu olhar pra eles e não lembrar que eles apoiam a sacanagem que você fez comigo.

- Não quer ser amigo deles, é problema seu, mas não influencie os outros numa decisão que só cabe a eles.

- Eu não to influenciando ninguém. É só isso que você tinha pra falar?

- Não.

-o que mais então?

- preciso te contar algo.

- que foi?

- eu e o Thiago não estávamos namorando.

- como?

- estávamos fingindo estar namorando quando eu terminei com você.

- não to entendendo nada.

- Felipe, eu nunca te trai. Quando eu terminei o namoro com você, eu e o Thiago nem tínhamos começado a namorar, aliás, eu não tinha nem essa intenção.

- e por que você fez isso comigo então?

- Desculpa não contar o motivo agora, mas eu sei que um dia eu vou poder explicar o porquê fiz isso Lipe. Mas saiba que fazer aquilo, doeu muito mais em mim.

- Alguém descobriu né, Thalles? Foi isso?

- Desculpa Lipe, só te peço, por favor, que pare com isso. Acredite, eu te amo e a ultima coisa que eu quis foi fazer aquilo. A Carol e o Jefferson sabem o que eu to passando e por isso estão me apoiando. No tempo certo eu te conto, mas, por favor, esquece esse rancor e vamos ficar de boas.

- ficar de boas? Eu não volto mais a namorar com você, Thalles.

- não é disso que eu estou falando, Lipe. Só te peço pra nos começarmos a conviver em paz e parar com essa guerrinha tosca.

- vou ver o que eu posso fazer, Thalles.

- mais uma coisa.

- o que mais?

Nisso o sinal toca pra segunda aula e já caminhávamos até a sala.

- o que mais, Thalles?

- deixa essa conversa só entre nós.

- ta bom.

Chegamos à sala e assistimos as aulas normal. No intervalo, Felipe foi até onde estava o Jefferson e a Carol e pediu desculpas a eles e depois desceu pro pátio com o pessoal. Depois disso tudo ocorreu normal até o fim da aula. Enquanto saímos do colégio, eu encontrei o Thiago e Eliane na frente do colégio me esperando. Nesse momento eu senti meu coração gelar.

- Oi, Thalles, tudo bom?

- Tudo, Thiago, e você?

- to sim. Deixa-me apresentar, essa é a Eliane, minha namorada.

-prazer, Thalles.

- o prazer é meu.

- Thalles, nós viemos aqui para te agradecer.

- me agradecer?

- sim, eu contei pra Eliane que você é o amigo que me aconselhou a voltar o namoro e que me apoiou quando eu mais precisei.

- eu precisava te agradecer, eu não sei o que seria de mim sem o Thiago. Nós dois nos amamos muito.

Na verdade eu não sabia o que pensar, mas podia ter a certeza que eu estava contente em saber que o Thiago estava se acertando com a namorada dele. Conversei mais um pouco com eles, sob o olhar curioso do Felipe e do Lucas. Pouco tempo depois meu pai apareceu pra me buscar, me despedi do casal, chamei o Felipe e o Lucas que iam precisar de carona para ir para casa. No caminho o Felipe me perguntava quem era aquela moça e eu explicava que era a namorada do Thiago, nesse momento eu pude notar que ele estava surpreso.

Os dias passaram apressados e logo já chegou o final de semana. Todos os dias eu tive contato com o Bruno, trocávamos mensagens e conversas pelo MSN. A cada dia eu me apegava mais a ele e eu não entendia por que, só sei que uma grande amizade ia crescendo. Bruno a cada dia parecia se empolgar mais ainda com a nossa amizade. Só sei que ao lado dele eu me sentia bem e feliz. No sábado eu tinha marcado com o Bruno, Carol e o Jefferson de ir ao cinema e depois ir pra balada.

No shopping estávamos nos divertindo muito, uma química perfeita rolava entre nós quatro, mais ainda entre eu e o Bruno. Certo momento, ele e o Jefferson saíram para comprar sorvete pra nós e eu e a Carol Ficamos perto da fonte esperando eles.

- Bonitão seu amigo né, Thalles?

- é sim, Carol.

- eu vi que ta rolando algo legal entre vocês.

- nem viaja, Carol.

- o que ele disse quando descobriu que você é bissexual?

Nesse momento eu fui me lembrar que não tinha contado ao Bruno ainda sobre a minha opção sexual. Um medo tomou conta de mim, pois estava tão apegado a ele e tinha receio de ele não aceitar esse fato.

- Carol, ele não sabe ainda.

- e vai contar a ele quando?

- eu não sei. Será que devo contar a ele?

- e vai esconder isso dele até quando?

- Carol, ele é uma pessoa legal, um ótimo amigo, não quero perder a amizade dele. E se ele não aceitar?

- isso vai ser um sinal de que a amizade dele não é verdadeira. Pensa, Thalles, amigo de verdade aceita o outro seja em qual condição for. Se ele gostar da sua amizade, ele vai aceitar. Só não demora pra contar isso a ele.

- vou contar hoje mesmo e seja o que Deus quiser.

-é, conta logo antes que alguém da um fora e ele fica sabendo por outros.

Quando eles voltaram, tomamos o nosso sorvete e depois fomos para o cinema. Assistimos ao filme e depois resolvemos dar mais uma volta no shopping para passar o tempo.

- Gente, eu preciso ir ao banheiro. Fiquem ai que eu já volto - disse a eles.

- espera que eu vou junto com você, Thalles. - disse o Bruno.

Fomos até o banheiro, fizemos a nossa necessidade e fui lavar a mão, o Bruno já estava lá.

- muito legal, né, à tarde de hoje. - disse o Bruno.

- sim, ta sendo muito legal.

- O Jefferson e a Carol são pessoas super gente boas, assim como você.

- é, é sim. Bruno, nós precisamos conversar sobre algo.

- pode falar.

Nesse momento entra alguém no banheiro.

- Melhor ir pra outro lugar, aqui vai ser meio difícil, pode ser lá no estacionamento?

- pode sim, mas é algo sério?

- isso vai depender de você.

- então vamos que eu já estou curioso.

Deixamos o banheiro e fomos até o estacionamento. Lá eu já comecei a falar.

- Bruno, tem algo que eu preciso te contar.

- pode falar.

- sabe que eu te considero um grande amigo já e não queria mais te esconder isso.

- sim, mas você ta me deixando nervoso.

- eu sou bissexual. Eu já namorei outro rapaz.

- tudo bem, Thalles.

- você aceita de boas?

- Thalles, eu também sou.

-é?

- sim, vai dizer que você não notou?

- não.

- eu já percebi que você não nota essas coisas mesmo, desde a festa em Dourados.

- como eu ia adivinhar que você também era?

- Thalles, eu passei a festa inteira te olhando, te querendo. Quando eu te vi na rodoviária no domingo, você não faz noção de como eu fiquei feliz, tanto é que eu até troquei de lugar com a mulher, só pra ficar perto de você.

- Cara, eu to sem palavras.

- não precisa dizer nada, apenas me beije.

Nesse momento seu corpo chegou perto do meu, sua mão foi na minha nuca, ai já não respondi mais por mim, aproximei meu rosto do seu e nossos lábios se encontraram e eu pude sentir o gosto do seu beijo. Sua boca era deliciosa e macia. Eu não conseguia parar de beijá-lo. Depois de minutos ali nos beijando, ele lentamente foi parando o beijo, finalizando com leves selinhos.

- eu tava muito tempo querendo esse beijo, mas eu tava com vergonha de pedir, mas pelo jeito você também o adorou.

- Eu não vou negar que queria muito esse beijo Bruno, mas não ta certo.

- por quê?

- porque eu ainda amo outra pessoa.

- um ex?

- sim, isso mesmo.

- Thalles, por que não dá uma nova chance ao seu coração?

- eu já tentei Bruno, mas não é assim tão fácil.

- Eu sei, já sofri também por amor e sei como é. Mas assim como eu sofri, eu também aprendi que sofrimento de amor, é com outro amor que a gente cura. Me da uma chance de te fazer a pessoa mais amada do mundo?

- Bruno,outros já me disseram isso antes e a única coisa que eu consegui foi atrapalhar um relacionamento e magoar a pessoa. Gosto muito de você e não quero te fazer sofrer.

- sou responsável pelas minhas atitudes. Sei que posso te fazer esquecer esse amor e me amar, mas se isso não acontecer, sei quando retirar meu time de campo.

- vamos com calma, o que tiver que ser, será.

- tudo bem, pouco a pouco e eu vou te conquistar.

- Vamos voltar?

- vamos.

Demos um longo abraço e voltamos para onde estava o pessoal. No final da tarde, cada um foi pra sua casa se arrumar para depois ir para balada. À noite, nos encontramos em um barzinho, junto conosco estava o Pietro e mais dois amigos dele. Bruno a todo o momento me observava e eu não negava que estava adorando muito aquilo. Será mesmo que ele ia conseguir o que disse que iria fazer? Será que eu ia me apaixonar por ele? Isso só o tempo dirá. Esquecer o Felipe seria impossível, mas uma nova paixão não estava fora de cogitação. A noite ocorreu normal e depois voltei para a minha casa. Em casa fui direto para o meu quarto e deitei. A todo o momento eu pensava no Bruno e ele pareceu adivinhar, pois não demorou muito para uma mensagem dele chegar.

"Saudades de ti meu amigo... To aki deitado, pensando em você. To ouvindo Talking to the moon - Bruno Mars, a letra é linda e mostra o que eu sinto...

Talking To The Moon


Falando Com a Lua





I know you're somewhere out there



Eu sei que você está em algum lugar lá fora

Somewhere far away


Em algum lugar longe

I want you back


Eu quero você de volta

I want you back


Eu quero você de volta

My neighbors think


Meus vizinhos pensam que

I'm crazy


Eu sou louco

But they don't understand


Mas eles não entendem

You're all I have


Você é tudo que eu tenho

You're all I have


Você é tudo que eu tenho




At night when the stars



À noite, quando as estrelas

Light up my room


Iluminam o meu quarto

I sit by myself


Me sinto sozinho

Talking to the moon


Falando com a lua

Try to get to you


Tento chegar até você

In hopes you're on


Na esperança de que você esteja

The other side


No outro lado

Talking to me too


Falando comigo também

Or am I a fool


Ou eu sou um tolo

Who sits alone


Que fica sentado sozinho

Talking to the moon


Conversando com a lua




I'm feeling like I'm famous



Estou me sentindo como se eu fosse famoso

The talk of the town


O assunto da cidade

They say


Eles dizem

I've gone mad


Que fiquei louco

Yeah, I've gone mad


É, eu fiquei louco

But they don't know


Mas eles não sabem

What I know


O que eu sei




Cause when the



Porque quando o

Sun goes down


Sol se põe

Someone's talking back


Alguém está falando de volta

Yeah, they're talking back


Yeah, eles estão falando de volta




At night when the stars



À noite, quando as estrelas

Light up my room


Iluminam o meu quarto

I sit by myself


Me sinto sozinho

Talking to the moon


Falando com a lua

Try to get to you


Tento chegar até você

In hopes you're on


Na esperança de que você esteja

The other side


No outro lado

Talking to me too


Falando comigo também

Or am I a fool


Ou eu sou um tolo

Who sits alone


Que fica sentado sozinho

Talking to the moon


Conversando com a lua




Do you ever hear me calling?



Você já me ouviu chamando?

Cause every night


Porque toda noite

I'm talking to the moon


Eu estou falando com a lua

Still trying to get to you


Ainda tentando chegar até você




In hopes you're on



Na esperança de que você esteja

The other side


No outro lado

Talking to me too


Falando comigo também

Or am I a fool


Ou eu sou um tolo

Who sits alone


Que fica sentado sozinho

Talking to the moon


Conversando com a lua




I know you're somewhere out there



Eu sei que você está em algum lugar lá fora

Somewhere far away


Em algum lugar longe


Após ler a mensagem, corri pra frente do computador e comecei a escutar a musica que ele falou e a letra. Depois de ler, entrei no MSN e vi que ele estava online.

Bruno diz: Eu sabia que você ia entrar no MSN.

Thalles diz: sabia como?

Bruno diz: meu coração me disse.

Thalles diz: conseguiu...

Bruno diz: consegui o que?

Thalles diz: me deixar mais vermelho ainda.

Bruno diz: HAHAHAHAA

Ficamos de papo até altas horas. Quando estava perto de amanhecer o dia nos despedimos e fomos dormir.

Eram nove e meia da manhã de Domingo e eu estava sendo acordado com batidas na porta do meu quarto. Pela intensidade das batidas dava para perceber que a pessoa já estava ali há horas batendo. Ta aí uma coisa que eu sempre odiei: acordar cedo, ainda mais no domingo que era o único dia que eu podia dormir até mais tarde. Pra ajudar, eu tinha dormido pouco, então meu mau humor só aumentou. Aquelas batidas na porta só aumentaram e a única coisa que consegui gritar foi um "já vai." Abri a porta, era a minha mãe.

- Até que enfim abriu essa porta.

- Mãe, hoje é domingo. Deixa eu dormir até mais tarde.

- ninguém mandou ir dormir tarde. Levanta, se arruma que vamos almoçar fora.

- eu não vou.

- vai sim e larga de frescura.

- ah mãe, almoçar onde?

- na casa da Laura.

- ah não mãe. Eu vou ficar.

- você que sabe, mas não vai ter almoço aqui.

 - eu sei me virar.

Ela saiu da porta, eu tranquei e voltei pra minha cama e logo peguei no sono novamente. Tempo depois eu acordo novamente com o interfone de casa tocando. Como desejei quebrar aquele aparelhinho em mil pedaços, fala sério. Fui até a janela do meu quarto e abri. Quando olho em direção ao portão, vi que era o Lucas ali apertando o interfone a cada intervalo de 30 segundos. Como eu estava só de cueca, apenas vesti a primeira bermuda que achei na minha frente e fui até o portão atende-lo.

- Oi, Thalles.

- Oi, Lucas.

Ficamos ali nos olhando em silencio.

- quer entrar? - disse tentando cortar o silencio.

- Não, vai ser rápido. Vim aqui te chamar pra ir almoçar em casa. - Lucas disse não tirando os olhos do meu peitoral.

- Você veio me chamar pra almoçar na sua casa? Você ta bem? - perguntei estranhando aquilo.

- não abusa por mim você nem pisava os pés lá, mas minha mãe me mandou vir aqui te chamar.

- ooowww, todo marrentinho, mas perto da mamãe vira um bebezinho.

- como é, seu viadinho do caralho? Tem medo de apanhar não?

- da um tempo, Lucas, já perdi muito tempo me preocupando com você.

- vai em casa ou não, porra?

- já to acordado né? Fazer o que? Eu vou.

- ta bom.

- Vai me esperar? - perguntei debochando.

-espero, mas não demora.

- então tá.

Pedi para que ele entrasse, fechei o portão e fui me arrumar. Tomei um longo banho, me arrumei e depois de uma hora desci para irmos. Lucas parecia estar animado com a minha ida a casa dele, mas aquilo tava muito estranho, e eu podia jurar que ele estava aprontando alguma coisa.

- Lucas.

- o que?

- o que você ta aprontando?

- do que você ta falando?

- deixa pra lá.

- além de viado é louco.

- se for pra continuar me xigando, eu dispenso a companhia.

- Vamos logo que eu não to a fim de perder o almoço por sua causa.

Fomos em silencio para a casa da Laura. Entramos e a Laura veio me cumprimentar. O Felipe não se deu nem o trabalho de se levantar do sofá.

- não vai cumprimentar o Thalles, Felipe? - perguntou a Laura.

- oi. - disse ele curto e grosso.

No almoço inteiro, a conversa resumia-se entre o meu pai, minha mãe e a Laura. Felipe apenas pegou seu almoço e foi para a sala e o Lucas prestava atenção na conversa dos nossos pais. Após almoçar, deixei meu prato na pia e depois fui me sentar na área da frente. Lá, além de não me sentir a vontade, eu ainda me sentia muito sozinho. Fiquei lá sentado em uma das cadeiras de fio vendo o movimento na rua. Alguns momentos eu começava a ler as mensagens que o Bruno tinha me mandado no dia anterior. Resolvi mandar uma mensagem pra ele, mas não tive resposta. Guardei o celular no bolso e me ajeitei na cadeira de fio, tentando tirar um cochilo. Quando estava quase conseguindo, o Felipe sai lá fora e me chama.

- Thalles.

- oi

- é pra você ir lá comer doce. - assim que ele deu o recado já ia saindo de lá sem esperar a minha resposta.

- Lipe.

- pode me chamar de Felipe. O que é?

- vai continuar me evitando por quanto tempo?

- até você me deixar em paz. - disse ele querendo se retirar novamente.

- espera. Senta aqui e vamos conversar.

Ele se sentou na minha frente e começou a me olhar seriamente.

- é isso que você quer, Lipe? Quer que eu suma da sua vida?

- o que você acha?

- eu acho que o que teve entre nós foi algo legal e intenso. Não precisa terminar dessa forma.

- Thalles, você sabe que eu gosto de você, mas o que você fez comigo é imperdoável. Você me traiu.

- Já conversamos sobre isso. Já te disse que em nenhum momento eu te trai. O lance entre eu e o Thiago só aconteceu depois que terminamos. Achei que podia ser o correto, mas me enganei, prova disso foi que não deu certo e nós terminamos. Hoje somos só amigos. Nós podemos ser só amigos também, Felipe, não quero nós dois nessa situação tensa.

- você não entende né, Thalles? Eu não te quero como amigo. Ou eu te tenho como namorado ou eu não tenho nada com você.

- fico triste por pensar assim, Lipe, como eu disse, não foi dessa forma que eu imaginei.

- você só pensa em você mesmo, não é?

- será mesmo, Lipe? Já parou pra pensar que o que eu fiz, foi pra te proteger também?

- proteger de quem?

- da cobra que você chama de irmão.

- Cala a boca, Thalles. - disse Lucas saindo de trás da porta da sala.

- deu pra ficar escutando a conversa dos outro agora, Lucas? - perguntei já irritado.

- não te interessa. Para de ficar jogando meu irmão contra mim. Você já causou muita discórdia aqui. - dizia Lucas como se estivesse sendo ofendido.

- mas como é falso, quem vê assim, você se importa muito com seu irmão, né, Lucas? - disse já indignado.

- vai com calma, Thalles, você já ta ofendendo meu irmão e isso eu não admito.

- vai dando asas pra cobra, Lipe, depois não reclama que eu não te avisei. Seu irmão não é o que você pensa.

- vou te mostrar quem é cobra aqui. - disse Lucas já vindo na minha direção.

Não me lembro ao certo como caímos, mas quando pude perceber, já estávamos os dois no chão, trocando socos e pontapés. Felipe tentava nos separar, mas não conseguia. Há muito tempo eu queria aquela briga, descontar no Lucas toda raiva que ele tava me fazendo passar. Depois de muitos socos na barriga, troca de chutes e um soco que levei na região do olho esquerdo, fui levantado pelo meu pai, que já segurava com força meu braço e o Lucas era amparado pelo irmão. Depois de separados, Lucas desabou em choro no ombro do irmão, se fazendo de vitima.

- tem vergonha não, Thalles? O que é isso? - perguntou meu pai.

- briga, né pai.

- Não me responde assim, rapaz. Por que os dois estavam brigando?

- foi ele que começou, senhor Arthur, ele me ofendeu. - disse Lucas com uma voz de assustado. Como aquilo me tirava do sério.

- que mentiroso.

- para, meu filho. - ordenou minha mãe.

- o que aconteceu, Felipe? - perguntou a Laura a ele.

Felipe ficou quieto e apreensivo, pensou um pouco no que ia falar e depois respondeu.

- eles só tiveram um desentendimento, mãe, o Thalles não gostou e ofendeu o Lucas.

- to decepcionado com você, Thalles. Já pra casa que vamos ter uma conversa séria. - disse meu pai bravo.

- pai, foi ele quem provocou.

- já disse que em casa conversamos. - disse meu pai encerrando o assunto.

A Laura já me observava com um olhar de reprovação, já o Felipe tinha um olhar triste e o Lucas dava para perceber que a vontade dele era de rir de tudo aquilo. Mesmo com o nariz saindo sangue e os lábios inchados, ele não perdia a pose. Meus pais se despediram da Laura e mais uma vez pediu desculpas e saíram da casa da Laura me arrastando.

Chegando em casa, eles foram logo me mandando sentar no sofá para a conversa séria.

- Thalles, o que você tem na cabeça pra arrumar briga na casa dos outros? - perguntou meu pai.

- ele que começou pai e mereceu.

- não interessa quem começou e nem o motivo. Não te dei educação o suficiente pra ter que ver você saindo aos socos com outro moleque?

- a mim sim, né, pai, mas vai dizer isso pra ele.

- sem graça, Thalles, to conversando sério.

- você queria o que, pai? O cara parte pra cima de mim pra dar porrada e eu vou deixar? Apanhar de graça? Só tava me defendendo.

- Thalles, você podia evitar briga. - disse a minha mãe.

- Poxa, acho que vocês me conhecem muito bem. Qual foi a vez que vocês ouviram falar que eu andei brigando? Vocês sabem muito bem que eu não sou de brigar, aliás, nunca briguei com ninguém. Sempre evitei briga. Por que vocês acham que agora eu ia arrumar briga à toa com ele. Ele que veio pra cima de mim já querendo me bater e depois ainda fica posando de vitima. Eu só tava me defendendo.

- Vai pro seu quarto, toma um banho e depois a gente conversa mais sobre isso. - Ordenou meu pai.

Subi, tomei meu banho e resolvi dormir.

Acordei era quatro e quinze da tarde. Fui até o banheiro fazer a necessidade básica e depois fui lavar as mãos. Enquanto eu lavava as mãos, fiquei observando o pequeno roxo em volto do meu olho esquerdo. Voltei para o quarto, liguei meu PC e entrei no MSN. Encontrei o Lippe, o Caio, o Jefferson e o Bruno online. Participei de dois janelões. Em um eu conversava com o Lippe e o Caio e no outro com o Bruno e o Jefferson. Nos dois janelões, o assunto era o mesmo: A minha Briga com o Lucas. Bruno em nenhum momento conseguia se conter e esconder a raiva que ele tava sentindo do Lucas. Passei o resto da tarde conversando com eles. À noite, fui jantar com meus pais, escutei mais sermões, terminei a janta, voltei para o meu quarto, conversei mais um pouco e depois fui dormir.

Durante a semana no colégio, Felipe não conversava comigo, Lucas continuava me provocar e do resto tudo estava normal, ou seja, já tinha virado rotina. Alguns estranhavam o meu olho roxo, mas não me enchiam o saco pra saber o que era. Alguns dias, na parte da tarde, o Bruno ia à minha casa e ficávamos a tarde inteira conversando, tomando banho de piscina e jogando. Na sexta à tarde, estava eu, ele, a Carol e o Jefferson tomando tereré em um parque perto de casa e conversando.

- Carol, quando vocês vão se mudar? - perguntei curioso.

- Quando entrarmos de férias no colégio.

- que chato, vocês podiam ficar pra sempre aqui. - disse a ela

- eu também queria, né, amigo, mas fazer o que?

- fazer uma big festa de despedida.

- vamos sim. - disse o Jefferson.

- legal. Vou adorar - concordou a Carol.

- Gente, vamos sair hoje à noite? - sugeriu Bruno

- Vamos, mas pra onde? - perguntou Carol

- tem uma boate legal que abriu esses dias, vamos conhecer? - sugeriu Bruno

- fechado. - disse Jefferson

Terminamos a conversa ali e cada um foi para a sua casa. Dormi um pouco que restava da tarde e as seis e pouco eu acordei, tomei um banho e comecei a me arrumar. As 19:40, o Jefferson e o Pietro já passavam na minha casa pra irmos pra balada, mas antes passamos na casa da Carol e do Bruno pra pegar eles também. Chegando na boate, encontramos os outros dois amigos do Pietro da balada anterior e começamos a beber e conversar. Eu, a Carol e o Pietro optamos por ficar só no refrigerante. Pietro optou por obrigação mesmo, já que era ele que ia dirigir.

- hey Thalles, não vejo a hora de você e meu irmão tirarem logo suas carteiras, pra gente revezar esse negocio, nun guento mais ficar só no refri. - disse Pietro

- calma que no ano que vem a gente tira. - disse a ele dando risada.

Ficamos um tempo ali conversando e depois resolvi ir até o banheiro. O banheiro estava cheio e muitas pessoas se pegando ali. Entrei em uma das cabines e mijei. Quando sai da cabine, deparei com uma cena inacreditavel. Gravei aquela cena e sai do banheiro sem ser notado e fui até onde estava o pessoal, mas lá só encontrei a Carol e o Jefferson. Eles notaram que eu estava diferente.

- Thalles, o que você tem? - perguntou Jefferson.

- eu? Nada por que?

- voltou meio aereo, com cara de paisagem. Aconteceu alguma coisa?

- Não, nada. Vamos pra outro lugar?

- por que?

- por que não quero ficar aqui, vamos pra outro lugar por favor.

- vamos chamar o pessoal

Logo o Bruno, Pietro e os dois amigos do Pietro (Carlos e Jean) voltaram. Pagamos a conta e depois fomos para outro lugar, no caminho eu ainda tava lembrando da cena que eu vi no banheiro e o melhor de tudo, eu tinha aquilo gravado no meu celular.




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