Deixamos o pessoal e fomos pra frente de casa namorar um pouco, já era
quase uma hora da manhã e graças a Deus, os poucos vizinhos já tinham ido
dormir mesmo. Tava no escurinho beijando o Bruno, quando eu vejo o Felipe e o
Vinicius virando a outra esquina indo a direção de casa, pelo jeito deles
parecia que eles estavam desesperados.

- Bruno, aconteceu alguma coisa, os dois estão meio agitados.

- Vamos ver o que é. – Disse Bruno.

Saímos de mãos dadas de onde estávamos e surgimos na frente deles,
claro que o Felipe não gostou muita da cena que viu, mas parece que o que ele
tinha pra falar era mais importante que os ciúmes dele.

- aconteceu alguma coisa? – perguntei ao Felipe.

- Lucas fugiu de casa.

thiago

Continuação:

- como assim fugiu de casa? – perguntei a ele.

- cheguei em casa, fui até o quarto e vi que ele revirou o guarda
roupa, pegou umas roupas e sumiu.

- e pra onde ele iria? – perguntou Bruno

- eu sei lá, nem sei por onde meu irmão pode ter ido.

- tentou ligar no celular dele de novo? – sugeri

- já, mas continua dando na caixa postal. Que droga.

- Felipe, cadê o Lucas? – perguntou a Laura, passando pelo portão de
casa junto com o João Guilherme.

- Eu não sei mãe. – respondeu Felipe.

- como assim, o Raffael disse que você foi até em casa
chamar o Lucas.

- mas ele não ta lá mãe.

- e pra onde ele foi? – perguntou Laura

- eu não sei mãe, ele pegou umas roupas e sumiu.

- sumiu? – perguntou Laura preocupada.

- calma mãe.

- o Lucas fugiu de casa? – disse Laura já exaltada.

- calma Laura, pode ter sido um engano, logo ele da
noticias. – disse João Guilherme

- meu filho fugiu de casa, e agora?

- Vem, vamos entrar, você toma um copo de água, se acalma e
vamos ver o que faremos. – disse João Guilherme.

Entramos todos em casa e fomos até a cozinha, minha mãe já
tinha percebido o clima, foi lá ver o que estava acontecendo.

- o que foi Thalles? – Perguntou minha mãe.

- parece que o Lucas fugiu de casa.

Ficamos ali conversando com a Laura, enquanto isso a festa
ia correndo lá fora e algumas pessoas já começavam a ir embora, inclusive as
gêmeas. Minha tia parecia procurar alguém e eu já temia que fosse quem eu
esperava que fosse e logo comecei a pensar em uma desculpa.

- Thalles, viu o Eduardo?

- saiu Tia.

- onde ele foi?

- o Thiago precisou ir urgente até a casa dele e o Eduardo
foi com ele pra ele não ir sozinho, já que é tarde.

- tudo bem.

- Thalles, vem aqui. – pediu Felipe.

Fui para perto da porta da cozinha onde estava o Felipe.

- cara, to preocupado, preciso achar meu irmão. Me ajuda?

- ajudar como?

- não sei. Você tem alguma idéia?

- na verdade eu até tenho. Acho que sei pra onde ele deve
ter ido.

- onde?

- lembra que ele tava de rolo com o carinha do vídeo? Então,
ele pode ter ido pra lá, aonde mais ele poderia ter ido?

- verdade Thalles.

- você sabe o endereço?

- sei, já fomos levar o cara uma vez lá na casa dele.

- vamos lá então? – sugeri

- vou avisar a minha mãe e vamos.

- vou pedir pro Pietro levar a gente.

Após o Felipe avisar a mãe dele, eu pedi ao Pietro para nos
ajudar e ele concordou. No carro fomos Pietro, Jefferson, Felipe, Bruno e eu. A
Laura quis ir também com o carro dela, mas pedimos para ela ficar, caso o Lucas
aparecesse ou ligasse.

Quando chegamos no carro que estava estacionado quase em
frente de casa, um carro estaciona em frente de casa, era o carro do Fabrício,
o ex namorado do Lucas. Dele desce o Fabrício e o Lucas, que estava com uma
mochila nas costas.

- Lucas, aonde você foi? – perguntou Felipe.

- Aonde eu to indo, você quer dizer. – respondeu Lucas
seriamente.

- meu filho, aonde você estava, por que essa mochila nas
costas? – dizia a Laura saindo pela porta da sala.

- só vim te avisar mãe.

- como assim avisar meu filho? – perguntou a Laura já
assustada.

- to indo embora de casa, eu vou morar com o meu NAMORADO.
Vou morar com o Fabrício. – disse Lucas apontando para o Fabrício, deixando
todos que estavam ali vendo de boca aberta.

Eu mesmo não estava acreditando que o Lucas estava se
assumindo ali na frente de todos. Para quem não sabia da opção sexual dele
ainda, como os meus parentes, meus pais, o Jefferson, Raffael e o Vinicius, o
choque foi ainda maior. O mais surpreso da noite foi o próprio Fabrício, que
pareceu mais espantado ainda com aquilo.

- Como é Lucas? – perguntou ele.

- é meu amor, eu disse que ia ficar com você. – disse Lucas
sorrindo pra ele.

- você ta é louco mano, você não disse que ia morar na minha
casa.

- mas amor.

- nem vem com essa de amor, já disse pra você que eu não sou
seu amor porra nenhuma, sai pra lá viadinho. Você quer ser gay, problema seu,
mas não me coloca nisso não. Não é por que eu te comi algumas vezes que vou ser
seu namorado, cai fora seu gay. Não quero nenhuma bichinha morando comigo não.

- olha como você fala com o meu filho garoto. – Disse Laura
brigando com o Fabrício.

- então pede pra esse viadinho me esquecer.

Fabrício entrou no carro e saiu cantando pneu, enquanto o
Lucas chorava na frente de todos, que ainda assistiam aquela cena, espantados
com aquilo tudo.

- o que é? Nunca virão não? – Lucas reclamou exaltado.

- calma Lucas. – disse Felipe segurando o braço do Lucas.

- sou GAY mesmo e daí? Não tenho vergonha não, foda-se,
todos vocês e o que vão achar, sou gay e o problema é meu.

Felipe tentava acalmar o Lucas. Afastado um pouco, do lado
do Bruno eu já estava aflito e preocupado e ele percebeu.

- o que foi Thalles?

- Bruno, fudeu cara, fudeu 
de vez. To ferrado.

- por que meu amor.

- o Lucas vai contar tudo, ele vai contar sobre mim e o
Felipe na frente de todos.

- calma Thalles, o Lucas não vai falar nada.

- vai sim Bruno, ele ta tocando o foda-se.

- e tem mais. – Lucas anunciava. – tem gente que fica
pagando de santinho, mas é pior do que eu.

- chega Lucas. – gritou a Laura.

- agora eu vou falar. – Lucas se debatia enquanto o Felipe
tentava o acalmar.

- você vai calar a boca. Já chega de confusão. Vamos embora
agora.

Laura e o João Guilherme ajudavam o Felipe a arrastar o
Lucas para dentro do carro deles. Laura apenas pediu desculpas a minha mãe e
saiu.

Um alívio tomou conta de mim quando eles foram embora, por
um momento eu tinha perdido o chão e estava entrando em desespero, o Lucas
realmente ia contar tudo.

- não te disse Bruno que ele ia contar. – disse a ele.

- ele realmente pirou de vez. – disse Bruno.

- cara o que foi isso? – Disse Pietro.

- realmente o Lucas nos surpreendeu. Mas eu já imaginava que
essa coca era fanta kkkk – disse Jefferson.

O pessoal foi se dispersando e entrando pra continuar a
festa. Lá fora, sentados no meio fio ficamos apenas o Bruno, Jefferson, Pietro
e eu conversando. O Vinicius e o Raffael foram embora depois da confusão. Meia
hora depois o Eduardo e o Thiago chegam todos felizes e sorridentes, eu já pude
perceber que a noite foi ótima pra eles.

- oi pessoal, o que ta pegando? – perguntou Thiago.

- agora nada. O melhor da festa já foi. – disse Bruno dando
risada.

- o que aconteceu aqui? – perguntou Eduardo.

- O Lucas, irmão do Felipe, resolveu sair do armário de vez,
com direito a salto alto e purpurina kkkk – disse o Jefferson soltando
gargalhadas. Todos nós começamos a rir.

- Cara, e eu perdi essa cena. – disse Eduardo.

- tenho certeza que você tava fazendo coisa melhor. – disse
ao Eduardo, piscando para ele, que soltou um sorrisinho malicioso.

- minha mãe perguntou de mim? – disse Eduardo

- sim, mas eu disse que você já voltava. Thiago, a sua mãe
tava te procurando, acho que ela já quer ir embora. – disse a eles.

- bem pessoal, vou lá chamar ela.

- vou com você. – disse o Eduardo.

Depois que os dois foram embora, o Jefferson olhou pra mim e
soltou um sorrisinho malicioso, ele já tinha percebido o clima entre os dois, e
teve a certeza quando eu pisquei pra ele e afirmei com a cabeça e um sorriso.

Aos poucos os últimos convidados iam indo embora e por
último saíram o Bruno e seus pais, Horacio e Estela. Como havia muitos parentes
e nossos pais estavam por perto, eu não pude me despedir do Bruno como eu
queria, mas pelo menos um abraço amigável aconteceu.

À noite, na hora de dormir, no meu quarto ficamos  Eduardo, dois primos pequenos e eu. As
crianças já estavam dormindo, e em um sono muito pesado, já o Eduardo e eu não
estávamos com tanto sono assim. Resolvi ir pro banheiro tomar um banho. Eduardo
entrou no banheiro e ficou conversando comigo.

- e aí, como foi à noite? – perguntei ao Eduardo.

- foi bem, o clima estava ótimo, muita animação, agitação.

- nem se faz de bobo, você sabe do que eu to falando..

- Priminho, foi maravilhoso. Na boa, você vacilou, o Thiago
na cama é uma loucura.

- e você foi o que com ele? Ativo ou Passivo?

- os dois. Mas fui mais passivo, por mais tempo.

- hum... e vai me dizer só isso?

- Thalles, vou te contar os detalhes. Cara, mas foi muito
bom.

- Fala baixo Edu, vai acordar as crianças.

- desculpa tio. Então, deixa eu contar.

Eduardo ficou quase uma hora pra contar todos os detalhes da
noite de amor dele. Realmente, pelos detalhes, a transa deles foi muito boa.
Até fiquei excitado. No banho, meu pau dava sinal de vida.

- ta excitadinho é? – perguntou Eduardo mordendo o lábio
inferior.

- e não é pra ficar? Com você aí narrando essa noite.

- se você quiser eu dou um jeito em você.

- o Thiago não te deu canseira não?

- sim, mas eu sempre tenho fôlego pra mais uma.

Eduardo tirou a roupa e foi pra debaixo do chuveiro comigo.
Ao chegar perto de mim, ele agachou e começou a chupar o meu pau. A boca dele
era deliciosa e quentinha e aquele boquete no banho tava me deixando doido.
Minutos depois ele já chupava com mais gosto e me deixando com mais tesão
ainda, o que fez a vontade de gozar vir mais rápido.

- Edu, vou gozar.

Então ele começou a aumentar o ritmo e logo já gozei na
boquinha dele, ele engoliu tudo e se levantou e nós terminamos o nosso banho,
demos um selinho pra finalizar, saímos do Box, nos enxugamos, escovamos os
dentes, colocamos cuecas boxer e voltamos para o quarto dormir.

- Não sei se o que eu fiz foi certo.

- como assim Thalles?

- eu comecei a namorar o Bruno hoje, sinto como se o tivesse
traído.

- você não o traiu. Você ama o Bruno e quer ele, o que rolou
entre nós foi apenas brincadeira de momento.

- o que é considerado traição.

- então deixa pra praticar a fidelidade a partir de amanhã e
relaxa.

- tá bom, vamos dormir.

Fomos dormir já passavam das 4 da manhã. Às seis e meia
fomos acordados com meus primos fazendo bagunça dentro do quarto.

- ah não pirralhada, vão fazer bagunça do lado de fora do
quarto. – disse Eduardo expulsando os dois pestinhas de dentro do quarto. –
pronto Thalles,podemos dormir em paz de novo.

Nem demorou muito para eu pegar no sono novamente, pois eu
estava muito cansado. Acordei novamente, já passava das duas da tarde e o
Eduardo estava no computador, só de toalha, vendo o Orkut dele.

- acordei você?

- não Edu. Faz horas que você ta acordado?

- não, acordei ta com uns 15 minutos. Tomei banho e vim pro
PC.

- o que foi que você ta triste?

- eu não queria ir embora, ta tão bom aqui.

- você já tá de férias da faculdade?

- eu já, volto a estudar daqui umas três semanas.

- então fica essa semana aqui, de férias. – disse a ele.

- mas nem trouxe roupa suficiente.

- até parece que você não sabe que temos o mesmo tamanho. Eu
empresto umas minhas.

- vou conversar com a minha mãe então.

- aí você aproveita e vai à festa junina da escola comigo na
quarta à noite.

- beleza, me ajuda a convencer meus pais.

- isso é de boas, minha mãe também ajuda.

Tomei um banho e me arrumei, Eduardo já estava pronto e nós
dois descemos. No quintal, a festa pelo jeito foi prolongada, pois estava a maior
festa, churrasco e bebidas. O resto do dia passou normal, com muita animação,
banhos de piscinas e bebida. No final da tarde, alguns parentes já começavam a
ir embora, ficando em casa apenas o Eduardo, sua irmã e seus pais e os meus
avós. À noite jantamos e ficamos na sala jogando uno e assistindo TV. No
domingo a noite, pedi a minha tia que deixasse o Eduardo ficar a semana em
casa, no começo ela não quis aceitar muito, mas meu tio autorizou e decidiram
que ele podia ficar, claro que ele adorou a idéia (Thiago ia adorar mais
ainda...).

Na segunda de manhã meus tios e meus avôs foram embora e eu
fui para o colégio. No colégio, o assunto do momento foi o aniversário da minha
mãe e é claro, a saída do armário do Lucas. Felipe explicava para nós que o
Lucas, após ter se assumido, resolveu morar com o pai em Goiânia, que foi
embora no avião das duas da tarde. Evidente que o Felipe estava muito triste,
notava-se no olhar que ele chorou muito no dia da partida.

Na segunda à tarde combinamos de andar de kart, e nos
encontramos na no kartódromo às 16:00. Fomos o Jefferson, Bruno, Eduardo,
Felipe, Vinicius, Raffael e eu. Queríamos formar duas equipes, mas faltava um
piloto ainda.

- vamos dividir em duas equipes. – sugeriu Raffael.

- Não dá, estamos em 7, vai faltar um. – disse Jefferson.

- ah, pega os que correm melhor e fica na equipe com 3. –
disse Felipe

- ah, mas aí não tem graça. – Disse Raffael.

- Vê se aquele garoto não quer correr com a gente. – sugeriu
Bruno apontando pra um garoto que estava na lanchonete do local, nos
observando.

- Vou lá ver com ele. – disse Vinicius.

Vinicius foi até a lanchonete conversar com o garoto,
enquanto nós discutíamos a equipe. Pouco depois o Vinicius volta com o garoto.

- Pessoal, ele aceitou. Esse aqui é o Ricardo. Ricardo esses
aqui são... As apresentações o Vinicius ia fazendo e nós íamos cumprimentando o
garoto com um aperto de mão.

- bem, vamos fazer assim, numa equipe fica o Ricardo, Bruno,
Felipe e o Eduardo, e na outra fica o Thalles, o Vinicius, Raffael e eu. –
sugeriu Jefferson.

- alguém contra? – perguntou Raffael

Ninguém se manifestou e fomos cada um para o seu kart. No
meio da corrida, Felipe percebeu que o Bruno estava por perto dele e o fechou
batendo no kart dele, logo os dois já desceram do kart pra começar uma briga.

- que é? Esqueceu que somos do mesmo time? – disse Bruno

- e daí? Ninguém mandou você me atrapalhar. – disse Felipe

- vai se fuder seu babaca. – disse Bruno

Quando os dois foram partir pra porrada, o Vinicius e o
Ricardo já estavam separando os dois.

- ow, sem brigas. – disse a eles.

- então manda esse idiota não entrar no meu caminho. – disse
Felipe.

- comprou a pista ou cansou de comer poeira? – provocou
Bruno.

- Vou te mostra a poeira seu babaca.

- PAROU PORRA!!! – gritei sério

- Na boa, vamos terminar a corrida. – sugeriu Raffael.

A corrida ainda continuou, mas para o Bruno e o Felipe,
aquilo tava parecendo filme velozes e furiosos, sempre correndo e atrapalhando
um ao outro. No final, nossa equipe ganhou, graças ao espírito esportivo do
Bruno e do Felipe, que só atrapalhou a equipe deles. Depois da corrida, fomos
até a lanchonete beber e comer alguma coisa e jogar conversa fora.

Conversamos um pouco sobre o vestibular e o Enem, logo o
Ricardo nos disse que iria começar um cursinho pré vestibular numa instituição
e ele ia fazer, e eu me interessei em fazer esse cursinho também, o porém era
que o curso só ia ser na parte da manhã, logo eu teria que mudar de turno no
colégio, e isso não agradaria muito aos meus pais.

- vou conversar com os meus pais, me interessei por esse
cursinho.

- vai mudar de turno no colégio Thalles? – perguntou Felipe.

- se meus pais autorizarem, eu vou sim. – respondi

- bom que você faz companhia pra mim no colégio. – disse
Jefferson.

- como assim? – perguntei.

- eu vou mudar pra noite, vou começar a trabalhar de dia na
sorveteria da minha irmã.

- que legal, vamos os dois então. – disse a ele

- os três. – disse o Bruno.

- por que Bruno? – perguntou Jefferson.

- vou pedir transferência pro mesmo colégio que vocês. –
respondeu Bruno.

- ae, legal. É nóis mano!!! – disse Jefferson.

Terminamos de lanchar e fomos cada um para a sua casa. No
MSN, eu conversava com o Bruno que me explicava que decidiu mudar de escola,
para ir para a minha para ficarmos mais tempo juntos, eu óbvio que adorei a
idéia.

Na terça e na quarta tudo correu normalmente. Na quarta à
noite seria a festa junina da escola, Eduardo e eu já estávamos devidamente
caracterizados de caipiras e estávamos esperando meu pai nos levar ao colégio.
Meu pai chegou do serviço e nem desceu do carro, já nos chamou e foi nos levar
ao colégio.

Chegamos ao colégio às sete e quarenta da noite, a música de
quadrilha estava animada e pela primeira vez eu não fazia parte da quadrilha da
escola. Perdi meu reinado de noivo, já que fui por quatro anos seguidos.
Eduardo estava animado com a festança e eu à procura do meu namorado, mas por
ironia do destino, quem eu encontro primeiro? A Letícia, que estava na
companhia da Amanda, as duas estavam de caipirinhas lindas, andando e sorrindo,
a Amanda foi quem me viu primeiro e saiu correndo pra me abraçar.

- Oi Thalles, quanto tempo.

- Oi Amanda. Poisé, você sumiu e nem dá mais noticias.

- oi Thalles – disse a Letícia com um sorriso e um selinho
na boca.

Eduardo quando viu o selinho ficou de boca aberta. As duas
cumprimentaram ele com um aperto de mão e beijinho no rosto.

- vocês duas estudam aqui? – perguntei a elas

- sim, no terceiro ano à noite, e você de manhã né? –
respondeu Amanda

- sim.

- sim, o Vinicius me disse.

- Nós vamos ali fora esperar minha mãe trazer meu celular,
nos encontramos mais tarde? – disse Letícia olhando pra mim.

-er, é, sim.

- ok gatinho.

As duas foram lá fora e o Eduardo ainda espantado me
questiona.

- quem é essa ai?

- uma garota que eu tava ficando antes de namorar com o
Bruno.

- porra, seu charme vai além de conquistar garotos lindos,
vai pra garotas também.

- quem pode, pode né... Mas agora eu to ferrado.

- por que?

- imagina o Bruno e ela aqui, no mesmo lugar.

- vai ter que contar pra gatinha. – disse Eduardo.

Fomos até uma das barracas de pipoca e começamos a comer,
quando avistamos o Jefferson, o Bruno e mais um garoto na barraca de pescaria,
fomos até eles.

- Vai Bruno, pega aquele peixe ali. – dizia o Jefferson
apontando para um peixe azul.

- ta difícil o negócio aqui.

- putz, tu é ruim de mira em mano. – dizia o outro garoto.

- falta inspiração. – disse Bruno.

- faltava, você quis dizer. – disse Jefferson quando nos viu
chegando perto.

- e ae pessoal – cumprimentei eles.

- oi – disse Eduardo timidamente.

- opa, demoraram hein. – disse Jefferson.

- meu pai enrolou pra nos trazer aqui. – disse a ele.

- consegui pegar um. – disse o Bruno comemorando.

- eu não disse que a inspiração tava chegando. – disse o
Jefferson rindo.

- do que estão falando? – perguntou o garoto

- daquela gostosa ali. – apontou o Jefferson pra uma garota
que tava passando na hora pra disfarçar.

- ah sim, gostosa mesmo. Vou encontrar minha irmã e já
volto. – disse o garoto.

-quem é esse ai? – perguntei assim que o garoto saiu.

- sei lá, apareceu aqui pra ver a gente pescar, tava só eu e
o Jefferson aqui. – disse Bruno.

Bruno ganhou um carrinho legal da prenda da pescaria.

- pra você amor. – disse Bruno entregando pra mim.

- Obrigado amor.

Eduardo deu um cutucão nas minhas costelas e me deu um
susto, mas o Bruno não percebeu.

- o que foi? – perguntei ao Eduardo.

- olha quem ta chegando.

- fudeu, droga. –

A Amanda e a Letícia vinham em nossa direção.

- Bruno, vem comigo comprar refrigerante? – chamei o Bruno

- vamos.

Sem muito esperar já arrastei o Bruno e fomos à barraca de
bebidas. Eu não sabia o que eu faria, se contaria a verdade pra Letícia ou não.

- Thalles, o que ta acontecendo? – perguntou Bruno.

- acontecendo? o que? – me fiz de desentendido.

- você parece estar preocupado com alguma coisa.

- impressão sua.

- será mesmo?

- ta bom, eu conto.

- fala, o que foi?

- antes de começar a namorar com você, eu fiquei com uma
garota.

- e o que tem?

- e ela ta aqui hoje.

-e daí?

- e daí que ela não sabe que eu to namorando, ainda mais um
garoto.

- e você não vai contar pra ela amor?

- vou, só não sei como.

- contando.

- não é fácil Bruno.

- Thalles, você gosta dela?

- eu gosto de você e amo você.

- então você já sabe o que fazer.

- sei sim, mas fica por perto.

- claro, e você acha que eu vou te deixar de bandeja pra
essa garota? Não mesmo.

Voltamos onde estava o pessoal, o Jefferson e a Amanda
pareciam já se entender bem, mas a Carol parecia estar bem enciumada. A Carol e
a Isah chegaram enquanto eu estava conversando com o Bruno. Chegando onde eles
estavam, a Letícia veio correndo pra me abraçar, mas eu evitei, o que causou um
espanto nela.

- o que foi gatinho? – perguntou Letícia.

- nós podemos conversar?

- claro. – ela disse meio séria

Nos afastamos e eu fui conversar com ela separado dos
demais.

- o que foi que houve?

- lembra que eu te disse que eu sou bissexual, e você me
disse que não havia problema nenhum?

- sim, e eu aceito de boas.

- então, acontece que eu comecei a namorar sério. Com o
Bruno.

- entendi, e agora acabou nossas ficadas.

- me desculpa por isso gatinha, sabe que se eu não gostasse
tanto dele, eu namoraria você, mas é dele que eu gosto.

- tá tudo bem Thalles, na verdade nem ia dar certo mesmo
entre nós, eu também namoro.

-sério?

- sim, mas meu namorado vive viajando, eu achei que
poderíamos dar certo, eu largaria ele, mas não era pra ser, melhor continuar do
jeito que está mesmo.

- mas podemos ser amigos.

- é claro que sim.

- vamos voltar pra festa.

- vamos.

No restante da festa tudo foi normal, sem nenhum
acontecimento a ser relatado, no final da festa, liguei para o meu pai vir nos
buscar na escola, já passava das dez e meia da noite.

Na quinta feira à noite, estávamos jantando quando resolvi
pedir ao meu pai para fazer o cursinho.

- Pai.

- fala Thalles.

- tem uma escola que está oferecendo um cursinho pré
vestibular e pro Enem, e eu queria fazer.

- qual o preço da mensalidade filho?

- 160,00 reais.

- mas o lugar é bom?

- sim pai, o pessoal todo recomenda.

- é a tarde o curso?

- não, de manhã.

- Thalles, você já estuda de manhã.

- pai, eu mudo pra a noite.

- não sei não hein, não gosto muito da idéia de você estudar
à noite.

- ah pai, deixa.

- o que você acha Cecília?

- também não gosto muito dessa idéia de ele estudar à noite.

- poxa mãe, o curso vai ser bom. E não sou só eu que vou
fazer, o Vinicius também tá pensando em fazer.

- a questão não é o curso Thalles, a questão é você estudar
a noite. – disse meu pai.

- e o que tem? – perguntei

- primeiro por que é perigoso e segundo, fica difícil todo
dia a gente ter que ir onze horas da noite te buscar no colégio. Disse minha
mãe.

- me deem uma moto e vocês não precisam se preocupar.

- gracinha, quando você fizer 18 anos e tirar carteira você
ganha uma. – disse meu pai

- esse mês já faço 17.

- então ano que vem você ganha, agora sussega o facho. –
disse meu pai.

- e o curso? – perguntei

- vou pensar direito com a sua mãe e depois a gente te fala.

- tá bom.

Na sexta feira à tarde o Eduardo e eu fomos até a casa do
Jefferson para conversarmos e ajudá-lo na festa de despedida das gêmeas.

- e então, decidiu o que você vai fazer? – perguntei pro
Jefferson.

- Não, tô sem idéia, mas não queria deixar passar em branco
né.

- eu acho que elas não vão querer uma mega festa, acho que
vão querer algo simples, e só nós de amigos delas reunidos.

- eu tava pensando nisso também Thalles, concordo contigo. –
disse Jefferson.

- o que vamos fazer então? Churrasco, pizzaria, cinema... –
perguntei

- ah, fazer um churrasco mesmo, bebidas e tals. – disse Jefferson.

- Fechado. Nos encontramos aqui então amanhã a noite.

Enquanto eu estava no meu quarto ouço alguém bater na porta.

- pode entrar.

- oi meu amor. – disse Bruno entrando no quarto.

- oi amor, que saudades de você. – disse a ele

- eu também estava, por isso vim aqui.

Bruno encostou a porta do quarto e veio até onde eu estava
no PC e começou a me beijar. Toda vez que eu o beijava, uma sensação incrível e
gostosa tomava conta de mim, como se eu pudesse viver só com os beijos dele.

-o que você tá fazendo aí hein? – perguntou ele

- to aqui no face conversando com umas primas minhas e com o
Jefferson e dando uma olhada no Orkut.

- cadê Eduardo?

- Tá tomando banho. Tadinho, ele queria encontrar o Thiago
de novo.

- por que não hoje?

- se ele sair sozinho, minha mãe vai desconfiar, e fica
difícil eu segurar vela.

- eu vou com você meu amor.

- se for assim, então vamos. Vou ligar pro Thiago. Você veio
só por que tava com saudades amor?

- sim, mas também pra te fazer um convite.

- qual?

- vamos pra Bonito comigo nas férias? – perguntou Bruno.

- vamos amor, mas vamos tem algum lugar pra ficar?

- sim, minha tia tem uma pousada lá.

- ah sim, legal, então eu quero amor.

- beleza. Teve um sorteio em um shopping de uma cidade que
eu nem lembro o nome, mas o premio era uma viagem pra bonito com tudo pago,
vôos, hospedagem, alimentação e tals... ai esses ganhadores vão se hospedar na
pousada da minha tia, e pelo que ela disse, são jovens, ai minha tia perguntou
se eu queria ir pra lá, aproveitando as minhas férias e fazia companhia pra
esse pessoal.

- são muitos amor?

- não, são três pessoas. Ela já deixou o quarto reservado
pra nós, topa?

- claro que sim, vai ser muito legal. Vamos quando?

- na semana que vem. Parece que eles chegam na sexta e vão
embora no outro domingo, mais de uma semana.

- no sábado anterior é o meu aniversário.

- eu sei, e vamos comemorar juntinhos né Thalles?

- sim meu amor. Vou adorar.

- falta agora pedir aos seus pais né?

- essa vai ser a parte difícil, eles deixarem.

- por isso minha mãe tá lá embaixo, pra pedir a eles. Ela
vai explicar que é pra você me fazer companhia e que estamos indo a pedido da
minha tia, ela tá explicando a história toda.

- sério amor, você é o máximo.

- que isso amor, só quero você junto comigo.

Começamos a nos beijar de novo e no meio do beijo a porta
abre e nós dois assustados nos separamos e o Bruno chegou a cair na minha cama.

- Porra, que flagra peguei agora.

- quer me matar de susto Eduardo.

- você ia morrer mas não era de susto se fosse outra pessoa
abrindo essa porta. Oi Bruno.

- oi. – respondeu o Bruno ainda assustado

- quer um copo de água? – brincou Eduardo

- Não, Obrigado.

- Liga pro Thiago. – disse ao Eduardo

- pra que?

- vocês não querem se encontrar?

- queremos.

- então, eu e o Bruno damos cobertura.

- sério mesmo? – os olhos do Eduardo chegaram a brilhar.

- Depois desse susto não sei se devia.

- Aaaah Priminho, não seja mal, prometo não fazer mais isso,
vai, diz que sim.

- ta bom, mas liga logo pra ver se ele vai poder sair.

- vai sim, nem que eu tenha que ir lá e arrastar ele.

- e vamos para onde? – perguntou Bruno.

- Cara, sexta à noite, vamos pra um barzinho. Beber, cair e
levantar. – disse Eduardo

- Vamos chamar o Jefferson e o Pietro também.

Enquanto o Eduardo ligava para o Thiago, eu ligava para o
Jefferson. Jefferson me informou que ele iria, mas que o Pietro não iria poder
ir, pois já estava de encontro marcado com uma moça em outro lugar. Marcamos de
nos encontrar em um barzinho movimentado e famoso da cidade. Thiago concordou
em nos encontrar lá e eu fui me arrumar para sairmos. Depois do Eduardo e eu
estarmos prontos, descemos e fomos pedir autorização aos meus pais. Minha mãe
não gostou muito da idéia, mas meu pai conseguiu convencê-la, já a Estela se
disponibilizou para nos deixar no Barzinho.

- Pega aqui Thalles, vê se não gasta tudo e paga o taxi pra
voltar. – disse meu pai

- Obrigado pai.

- e vê se não vai chegar muito tarde. – recomendou a minha
mãe.

- tá bom mãe.

A Estela se despediu dos meus pais e nós fomos para o carro.
No caminho a Estela nos contava que meus pais haviam me autorizado a ir para
Bonito com o Bruno. A Estela estendeu o convite ao Eduardo também, mas ele
tinha que viajar com os meus tios para o Paraná, por isso teve que recusar o
convite. Chegamos ao local depois de 20 minutos, Thiago já estava lá nos
esperando. Escolhemos uma mesa meio afastada onde podíamos ver o local e a rua,
mas um pouco afastado dos olhares dos outros, isso para ficarmos a vontade.
Meia hora depois o carro do Pietro estaciona em frente ao barzinho e o Jefferson
e a Carol desceram do carro e o Pietro logo foi embora. O casal juntou-se a nós
e começamos a beber um pouco e jogar conversa fora.

- e a Isah? – perguntei a Carol.

- saiu com uma prima e duas amigas dela da igreja, acho que
foram ao cinema.

- legal.

Enquanto conversávamos, o Eduardo me faz um sinal para ir ao
banheiro com ele. Entendi o recado e levantei e fui com ele até lá.

- Thalles, me ajuda?

- deixa eu adivinhar, quer dar uma fugidinha com o Thiago.

- sim, nós dois vamos num motel aqui perto. Me dá cobertura?

- claro, vai lá, mas vê se não demora muito, lembra que não
podemos chegar muito tarde.

- Valeu priminho, depois eu te compenso.

- só assim né, por que esses dias esqueceu de mim.

- eita ciuminho, liga não, vou te compensar pelos dias
perdidos.

- assim espero. - 
disse a ele dando risada.

Saímos do banheiro e voltamos para onde estava o pessoal,
mas o Eduardo nem chegou a se sentar, só pegou o capacete, Thiago pagou a parte
deles e já foram embora.

- Aonde eles vão? – perguntou Jefferson.

- no motel. – respondi a ele com um sorrisinho.

- não é uma má idéia né amor? – Perguntou Jefferson a Carol.

- tava aqui pensando nisso. Vamos? – respondeu Carol.

- é pessoal, nos vemos amanhã em casa. – disse Jefferson.

Os dois pagaram a parte deles também, passaram por nós, nos
cumprimentaram, pegaram um taxi no ponto do outro lado da rua e foram embora.

- é amor, só sobramos nós dois aqui. – disse Bruno.

- verdade, quer fazer o mesmo que eles? – perguntei a ele

- é o que eu mais quero, mas a nossa primeira vez tem que
ser mais que uma noite apressada no motel né?

- sim, tem que ser algo mais especial.

- por isso mesmo que eu quero fazer quando estivermos lá em Bonito.

No momento comecei a lembrar-me da minha primeira vez com o
Felipe. Por que será que todas as minhas “primeiras transas” com namorados
sempre são em Bonito? Coincidência ou o destino atuando. Será que a minha
primeira vez com o Bruno vai ser igual ao que foi com o Felipe, aquela magia
toda, ou será que seria melhor ainda?

- Thalles.

- oi

- to perguntando se tá tudo bem assim? – disse Bruno me
olhando desconfiado.

- tá sim amor, claro.

- no que você tá pensando? – perguntou ele.

- nada demais amor. Vamos embora?

- vamos sim.

- que merda.

- que foi amor? – perguntou ele assustado

- eu não posso chegar em casa sem o mala do Dudu.

- vamos andando e conversando um pouco amor. Depois ligamos
pra eles dizendo onde estamos.

- então vamos.

Pagamos a conta e começamos a andar pela avenida principal
da cidade. A companhia do Bruno era maravilhosa, nós riamos muito e nem
percebíamos o tanto que já havíamos caminhado. Passamos por vários barzinhos
lotados de jovens bebendo e gatinhas mexendo com os dois rapazes lindos e
sarados que passava na frente. Passando perto de uma praça, sentamos um pouco
pra descansar e ficar namorando. Era perto de meia noite e a cidade ainda
estava movimentada no centro, ainda mais perto dos carrinhos de lanche.

- quer comer alguma coisa amor? Nós só bebemos hoje.

- Não Bruninho, na verdade eu só quero tomar água, vamos ver
se aquele cara tem pra vender ali naquele carrinho de lanche.

Atravessamos a rua e eu comprei a água, enquanto eu pagava a
água, vi o Felipe chegando de carro com mais três rapazes que eu não conhecia.
Quando ele desceu do carro, me viu ali com o Bruno, passou por nós, fingiu que
não me conhecia e com os seus amigos se juntou a mais dois que estavam em uma
mesa já os esperando. Ele podia até fingir que não me conhecia, mas ele não
parava de me observar, me cuidar. Depois atravessamos a rua novamente e fomos
para a praça em frente, sentamos em um banco e fui tomar minha água. Enquanto
bebia água, senti meu celular vibrar no bolso, anunciando um novo SMS. A
mensagem era do Felipe.

“E aí, namorando muito?”

Olhei em direção a eles e vi que ele nos observava
descaradamente, só ai notei também que o Bruno já o encarava feio. Respondi o
SMS.

“ quer mesmo que eu responda?”

- Vai trocar SMS com ele agora amor? – disse Bruno
enciumado.

- desculpa amor, vou ignorar ele.

Desliguei o celular na frente dele e dei um beijo nele sem
nem me importar com quem passava na rua. Depois do beijo, eu o abracei bem
forte e por cima dos ombros do Bruno eu olhei pro outro lado da rua e vi que o
Felipe nos observava com um olhar triste, nesse momento pensei que tinha
exagerado na atitude, mas ter os lábios do Bruno encostados aos meus é sempre
bom e vale a pena.

- Nossa, se a cada ataque de ciúmes eu ganhar um beijo
desses, me segura, vou começar a ter ciúmes até da sua sombra.

- bobo, para com isso BB. Bruninho, vamos sair daqui.

- Vamos Thalles, ou eu serei obrigado a ir lá espancar
aquele panaca.

- nem vai amor, perda de tempo, use seu tempo comigo.

- não vejo coisa melhor. – disse Bruno me dando um selinho e
se levantando.

Nos levantamos e saímos caminhando pelo centro da cidade e
paramos em um barzinho e ficamos ali bebendo de novo mas depois de uns vinte
minutos o Eduardo liga para o Bruno perguntando onde estávamos, só ali me
lembrei que o celular estava desligado. Quando liguei, tinha quatro chamadas
não atendida do Eduardo e um SMS do Felipe que eu deixei para ler depois. Dez
minutos depois o Eduardo e o Thiago chegam onde estávamos e ficamos mais um
tempo ali bebendo ate decidirmos ir pra casa. Liguei pra um táxi e primeiro
deixamos o Bruno na casa dele e depois o táxi nos deixou em casa.

Em casa o Eduardo me contava como foi a noite maravilhosa
dele com o Thiago no motel e eu ria muito do jeito que ele me contava.

- xi mano, pode parar de contar. – disse a ele.

- por que? – ele perguntou

- to ficando com ciúmes e tesão. Tô na seca há um bom tempo
e você vem me dizer essas coisas.

- ah, isso a gente pode resolver agora se quiser. – disse
Eduardo se aproximando de mim.

- eita, o Thiago ainda não apagou o fogo?

- sempre sobra um pouquinho pra você priminho. Quer apagar o
fogo hoje?

- sussega Dudu, sou comprometido, agora transar somente com
o meu namorado.

- mas e brincar? – disse ele todo malicioso

- eu disse apenas transar. Não disse nada de brincar.

- eu sabia, seu safado.

Eduardo me jogou na cama e começou a massagear o meu pau.
Enquanto erguia a minha camisa e dando leves beijinhos no meu abdômen, meu pau
começa a ficar mais duro que já estava querendo explodir dentro da cueca. Tirei
a minha camisa e o Eduardo foi abrindo o zíper da minha calça e mordendo de
leve o meu pau por cima da cueca, arrancando suspiros meus. Ele se levantou e
arrancou a camisa e a calça ficando apenas de cueca e eu tirei a minha calça e
com a ajuda do Eduardo, fui tirando a minha cueca. Eduardo já caiu de boca no
meu pau e começou a chupá-lo com vontade. Quando estava quase gozando, Eduardo
olhou pra mim e pediu que gozasse na boca dele, eu acenei com a cabeça autorizando,
então ele começou a aumentar o ritmo até que gozei na sua boca. Eduardo não
deixou cair nenhuma gota, depois de satisfeita a vontade, ele se deitou ao meu
lado.

- agora a minha vez né gatinho. – disse a ele.

- hoje não meu delicinha, cansei de ser ativo hoje.

- você foi ativo com o Thiago? – perguntei espantado.

- sim. – ele disse envergonhado

- e como foi?

- muito bom, mas acho que ele não quer mais ser passivo
somente ativo mesmo. Melhor pra mim. – disse ele entre risos

- safado.

- sou mesmo. – disse ele rindo

- ah, vou sentir sua falta aqui, você já vai embora domingo
né.

- saudade das brincadeiras né.

- não seu bobo, saudades de você mesmo. Você sabe que sou
filho único e é um saco. Queria ter um irmão igual a você, poder conversar
todas as noites, desabafar, confidenciar e sem contar a companhia.

- Thalles, eu também gosto de ficar aqui e te troco pela
Andressa sem problemas. Hehehe. Queria ter um irmão igual a você também.

-mora aqui em casa com a gente.

- ah, se meus pais deixassem e seus pais também, eu vinha
sem problema nenhum.

- pensa no assunto.

- beleza, vamos dormir.

- vamos, tô muito cansado.

Foi só eu desejar boa noite pro Dudu que eu já apaguei.

Na manhã seguinte eu acordo com a minha mãe batendo na porta
do quarto.

- Thalles, acorda filho.

Levantei e fui abrir a porta.

-oi mãe, bom dia.

- bom dia filho.

- me acordando às sete da manhã mãe, em um sábado.

- preciso que você fique na loja hoje.

- por que?

- por que a Laura não está muito bem e não vai poder ir e eu
vou ter q fazer alguns serviços fora da loja, não da pra deixar a Michelle
sozinha.

- tá eu vou.

- posso ir também tia? – disse Eduardo ainda deitado.

- pode, levanta, se arrumem e venham os dois tomar café.

Tomamos um banho rápido nos arrumamos e descemos para tomar
café. Meu pai estava de saída já, estava tomando o último gole de café.

- pai.

- Bom dia filho.

- bom dia. Sobre aquele assunto do cursinho. Pensaram já?

- já sim. Você pode fazer. Depois que você voltar de viagem
a gente vai conversar direitinho, só verifica até quando faz a matrícula na
escola e no cursinho.

- pode deixar, segunda eu vejo.

Meu pai saiu e nós terminamos de tomar café. Depois de tomar
café, saímos e minha mãe nos deixou na loja e foi fazer os serviços dela.
Chegamos quase oito horas, abrimos a loja e ficamos esperando os clientes.

- vamos ver quem vende mais hoje? – disse Eduardo

- eu topo, aquele que perder paga boquete pro outro. – eu
disse dando risada.

- vou ali sentar e ver você trabalhar então.

- nossa, já vai desistir assim?

- não, é que eu gostei da punição, pode ganhar, eu deixo.

- seu safado, assim não vale.

- bobo, fechado então. É hoje que eu quero ver você pagando
uma pra mim.

- vai sonhando, já tenho experiência em vendas.

- só a Letícia não vale Thalles.

- oi gente. – disse Michelle chegando na loja.

-olá. – disse a ela.

- vou abrir o caixa aqui e depois posso ir lanchar ali na
frente? – pediu a Michelle.

- pode sim, vai lá.

Michelle abriu o caixa e foi lanchar. O resto do dia na loja
foi normal. No final do dia eu e o Eduardo fomos contabilizar as vendas feitas
por cada um e no final eu saí ganhando. Claro que o Eduardo não achou nem um
pouco ruim. No final da tarde o Eduardo e eu fomos até o shopping andar um
pouco. Compramos um ovomaltine e começamos a ver as lojas, até pararmos em
frente a uma livraria.

- olha lá, saiu o livro que eu queria ler. – disse Eduardo

- qual? – perguntei

- as crônicas de gelo e fogo.

- parece ser interessante. Vamos lá, vou ver se tem o livro
que eu quero também.

- qual Thalles?

- o Turno da noite – o livro de Jô.

- do que é ele?

- vampiros.

- você e essas sua mania por vampiros.

- eu adoro né, fazer o que.

Andamos pela livraria, achei dois livros interessantes, comprei
para cada uma das gêmeas como presente. Paguei os livros, andamos mais um pouco
no shopping e fomos para casa.

Em casa o Eduardo já chegou e foi tomar banho, eu conversava
com meus pais sobre a festa da noite e sobre a viagem com o Bruno pra Bonito na
semana seguinte.Algum tempo depois eu fui para o meu quarto me arrumar também.
Eduardo estava chateado porque o Thiago não ia poder ir à festa das gêmeas pois
tinha compromisso com a mãe dele e os dois irmãos. Eduardo terminou de se
arrumar ao mesmo tempo em que eu terminei. Pedi ao meu pai que nos levasse até
na casa do Jefferson.

Chegamos na casa do Jefferson e algumas pessoas já estavam
lá, inclusive o Felipe. Cumprimentei as gêmeas e dei o meu presente para cada
uma delas.

- Aim Thalles, não precisava gatinho. – disse a Carol me
abraçando e dando um beijo no meu rosto.

- fica se incomodando com a gente. – disse a Isah também me
abraçando e me dando um beijo no outro lado do rosto.

- que nada, é um modo de vocês lembrarem de mim, além do
mais é como presente de aniversário de vocês que é esse mês também.

- um dia antes do seu, fofo, a gente manda o seu por
correio. – disse  a Isah.

- não precisa se preocupar não.

- eu faço questão. – disse a Isah

- eu não ganho beijo não? – disse o Jefferson surgindo atrás
de nós.

- claro, vem cá. – disse indo em direção a ele, fazendo
biquinho.

- sai pra lá seu bobo, se o Bruno ver isso eu tô morto.

Demos muita risada e eu fiquei ali conversando com eles,
Felipe e o Vinicius estavam um pouco mais afastados dos demais, bebendo ice e
conversando. Algumas vezes eu notei que ele tentava se aproximar de mim, mas eu
fingia que tinha visto alguma coisa e saia de perto. Bruno assim que chegou me
deu um abraço e foi cumprimentando os outros com um abraço também, mas menos
apertado que o meu.

A festa estava animada, o Dj era muito bom e as músicas
estavam legais, no meio da festa o Pietro chegou com a namorada dele, Natalia,
cumprimentou a todos e foi pegar uma bebida e depois voltou para onde
estávamos. Felipe aproveitou que o Pietro chegou e foi cumprimentá-lo e já
ficou conversando conosco.

- Thalles, seu pai deixou você fazer aquele curso. –
Perguntou Jefferson.

- deixou sim, ele autorizou hoje de manhã.

- opa, bom que vamos continuar estudando juntos ainda. –
disse Jefferson.

- e com a minha companhia também. – disse Bruno.

Felipe nessa hora olhou curioso pro Bruno.

- vai estudar lá Bruno? – perguntou Jefferson.

- sim, segunda eu vou pedir os papéis pra transferência, vou
estudar com vocês lá.

- que legal cara. Agora ninguém segura a gente. – disse
Jefferson.

- vou fazer o curso também Thalles. – disse Vinicius.

- sério?

Vinicius acenou com a cabeça.

- Que legal, já tenho um amigo no cursinho.

- dois, o Ricardo você já conhece também. – disse Bruno.

- é mais o Vini eu conheço mais.

- mas você vai pra a noite também? – Jefferson perguntou ao
Bruno.

-vou, mas por ordem do meu pai, vou ter que mudar pra escola
perto de casa. Vou ter que sair dessa nossa. – disse Vinicius.

- poxa cara, que barra.

- caramba, vai sobrar só eu e o Raffa de manhã? – disse
Felipe.

- falando nisso, cadê o Raffa? – perguntou Carol.

- ligou pra mim e disse que chega daqui a pouco, ele tá em
um aniversário, da tia dele, assim que ele sair de lá, ele vem pra cá. – disse
Vinicius.

- e o emprego Jefferson? – perguntei a ele.

- começo no final do mês, quando as aulas do SENAI começar
também.

Mais um tempo ali conversando e bebendo, logo me deu vontade
de ir ao banheiro.

- já volto. – disse ao Bruno.

Entrei na casa e fui até o banheiro. Entrei, fechei a porta
e fiz o xixi básico. Depois de lavar as mãos, abri a porta e logo o Felipe
entra no banheiro e fecha a porta.

- que isso? Tá tão apertado assim que não pode esperar eu
sair? – disse ao Felipe

- precisamos conversar Thalles.

- mas precisa ser aqui no banheiro? - perguntei

- quero ficar a sós com você.

- acho que não temos mais nada pra conversar a sós né
Felipe?

- temos sim.

- tem que ser agora Felipe? Tá rolando uma festa legal lá
fora.

- tem que ser Thalles.

- Ao menos vamos sair desse banheiro.

Saímos do banheiro sob olhares maliciosos e risinhos sem
graça de dois garotos que estavam ali perto, e fomos para um dos quartos da
casa, quando entrei, vi que era do Pietro.

- e então, o que tem de tão importante assim? – perguntei a
ele.

- eu te amo Thalles.

- Felipe, vamos parar essa conversa por aqui.

- agora podemos ficar juntos Thalles, o Lucas já foi embora,
não tem mais nada que nos impeça.

- tem sim Felipe, o fato de eu já estar namorando e amar o
meu namorado.

- larga ele e volta pra mim.

- você sabe que eu não vou fazer isso Felipe. Cadê aquela
historinha de querer ser normal, namorar garotas e não esconder namoro.

- eu disse aquilo da boca pra fora e me arrependo disso.

- tarde demais.

- mas não é tarde pra te reconquistar.

- perda de tempo, nem tente.

- por que?

- por que eu amo o Bruno e vou ficar com ele, queira você ou
não.

- você não vai namorar com ele.

Não queria discutir com o Felipe, resolvi deixar ele
conversando sozinho e sair do quarto, mas ele pegou o meu braço e me puxou para
um abraço e quis tentar me beijar, mas por impulso eu apenas o empurrei.

- me solta cara. Nunca mais tente fazer isso Felipe.

- Thalles, você é meu.

- me esquece.

- se você não for meu, não será de mais ninguém Thalles.

- viu a frase em um filme da sessão da tarde?

- To falando sério, se você não for meu, não será de mais
ninguém.

- Tá me ameaçando agora?

- não, só avisando.

- você tá estranho Felipe.

- nunca tive tão lúcido.

- não vou ficar aqui debatendo com você, tem uma festa
incrível rolando lá em
baixo. Tchau.

Deixei o Felipe no quarto e desci para encontrar com o
pessoal. No caminho fiquei pensando na atitude do Felipe, que me surpreendeu
muito, eu não conseguia acreditar na falta de caráter dele.

Quando eu encontrei com o pessoal, o Jefferson logo notou
que eu estava estranho e me chamou para pegar uma bebida.

- o que aconteceu? – perguntou ele.

- o Felipe foi atrás de mim.

- o que ele quer?

- voltar o namoro.

- e você?

- não aceitei é claro.

- menos mal.

- mas ele me ameaçou.

- como assim?

- disse que eu sou só dele, e que se não fosse dele, não
seria de mais ninguém.

- que criancisse. Nem liga pra isso Thalles. Vamos nos
divertir.

Pegamos as bebidas que estavam no freezer da cozinha e
voltamos para onde estava o pessoal.

- cadê seus pais? – perguntou Vinicius pro Jefferson.

- foram pra casa dos meus avós, disseram que iam pra lá, já
que eu pedi a casa pra fazer a festa.

- casa liberada, os véi tão viajando, meia noite e meia e o
bicho ta pegando kkkk – cantava Vinicius.

- deu pra gostar de sertanejo agora vini? – perguntou Isah.

- não, mas até que essa musica é legalzinha.

Quando vi, o Felipe já vinha em nossa direção, mas dessa vez
com a companhia do Raffael que tinha acabado de chegar.

- oi pessoal. – Raffael cumprimentou todos.

- sabe o que faltou aqui?- perguntou Jefferson.

- o que amor? – perguntou a Carol.

- uma piscina igual a da casa do Thalles pra gente cair
dentro agora.

- verdade, seria uma boa agora – disse Vinicius.

Já era perto da meia noite quando alguns dos poucos
convidados foram embora restando apenas nosso grupinho ali mesmo. Pietro e a
namorada foram para o quarto dele.

- então, a festa acaba assim? – perguntou Raffael

- ah, o Dj já tem que ir embora também. – disse Jefferson.

- então vamos sair por aí. – disse Felipe.

- nem cara, tem um monte de bebida aqui ainda, sem contar as
garrafas de vodka que ainda sobrou. Vamos ficar aqui mesmo e beber. – disse
Jefferson.

-Então vamos procurar algo pra animar. – disse Bruno.

- tem cartas aí? – perguntou Vinicius

- pra que? – perguntou Jefferson.

- Vamos jogar strip poker.

- ah tá gracinha, eu não sei jogar poker. – disse Carol.

- ixxi, já vai ser a primeira a tirar a roupa? – brincou
Vinicius.

- olha o respeito rapaz. – disse Jefferson

- desculpa maninho, só brincadeira. Na verdade podíamos
trocar o castigo de tirar a roupa pra beber um copo pequeno desse de vodka. –
disse Vinicius.

- boa idéia. – disse Raffael.

- mas eu não sei jogar gente. – disse Isah.

- nem eu. – eu disse

- olha os primeiros bêbados da noite. – brincou Raffael.

- nem, vamos jogar algo que todos saibam. – disse Jefferson

- tem uno? – disse Carol

- tem sim. – disse Jefferson.

- pronto, vamos jogar com uno. – disse Carol

- e como vamos fazer? – perguntou Vinicius.

- cada rodada só uma pessoa ganha. O resto que perder, toma
um copo de vodka, menos a pessoa que ganhou. – Disse Bruno.

- Boa, fechou. Vou lá buscar o Uno. – disse Jefferson

Fomos para a área do fundo da casa onde tinha uma mesa
enorme de madeira e dois bancos, um de cada lado da mesa, do mesmo cumprimento
da mesa. De um lado da mesa ficaram  Felipe, Jefferson, Raffael, Vinicius e o
Eduardo e do outro ficamos Bruno, Carol, Isah e eu.

Engraçado, depois de dez rodadas eu já estava daltônico,
azul era verde, verde era azul, o melhor é que não era só eu, fiquei pensando
em como o jogo ainda continuava, pois todo mundo estava na mesma situação que
eu. Pela primeira vez eu comecei a ficar bêbado, e como dizem, a primeira vez a
gente nunca esquece. Depois da décima rodada, das quais tive que beber em oito,
eu já não tava nem prestando atenção em quantas rodadas já estava e perdi as
contas de quantas garrafas foram de vodka.

Em um momento eu não agüentei mais e parei de beber e jogar.
Já era madrugada e nós iríamos dormir por ali mesmo na casa do Jefferson. Bruno
me levou até o quarto do Jefferson e me deitou na cama.

- espera aí amor, vou no banheiro e já volto. – disse Bruno.

Meus olhos já não agüentavam mais ficar abertos pela vontade
enorme eu tinha de dormir. Eu estava fraco e nem conseguia prestar mais atenção
em nada. Assim
que o Bruno saiu pela porta eu apaguei. Acordei em seguida com gritos no quarto
e vi vultos de pessoas que pareciam estar brigando, mas não consegui me mexer
ou sair do lugar. Depois que o vulto acabou eu dormi novamente.

Acordei, vi que meu celular estava na mesinha ao lado. Eram oito
da manhã e o quarto estava escuro. Eu estava sem camisa, e sem tênis, mas de
calça jeans e meias. Bruno estava do meu lado no mesmo estado que eu, dormindo
que nem um anjo, mas com o lábio cortado. Me assustei quando vi aquilo, mas não
o acordei. Levantei, saí do quarto e fui até o banheiro. Sai do banheiro,
voltei ao quarto, peguei minha camisa e descalço mesmo desci para ver se
encontrava alguém acordado. No tapete da sala estavam dormindo o Felipe,
Raffael e o Jefferson e no sofá estavam o Vinicius e o Eduardo. Cheguei na
cozinha e encontrei o Pietro e a Natalia acordados tomando café.

- tá tudo bem? – perguntou Pietro.

- tirando a minha cabeça que tá doendo pra caramba e eu
ainda ta meio zonzo, to bem sim.

- a noite foi boa né. – perguntou Pietro.

- nunca mais jogo UnoVodka.

Os dois caíram na risada.

- Toma café ai que é bom. – disse Pietro.

-valeu. Sabe me dizer por que o Bruno ta com um lado da boca
meio inchado e cortado?

- deve ter sido algum beijo selvagem que você deu nele ontem
à noite.

Olhei assustado para a Natalia que não agüentou a cena e
começou a dar risada.

- de boas Thalles, ela já sabe. – disse Pietro

- tá tudo bem, não vou contar pra ninguém. – disse a Natalia
toda simpática.

- tá, mas eu fiz isso mesmo? – perguntei ainda desconfiado.

- você não lembra de nada? – perguntou ele.

- não.

- ontem o Bruno e o Felipe saíram aos socos lá no quarto por
sua causa. – disse Pietro

- como assim? – perguntei espantado.

- Bruno chegou no quarto e encontrou o Felipe deitado do seu
lado, com a cabeça no seu peito. Nem esperou o Felipe sair da cama e já foi
arrancando ele de lá com socos. Os dois começaram uma briga feia, tive que sair
do meu quarto e ir ajudar o Raffael e o Vinicius a separar a briga.

- não acredito nisso, o que o Felipe tem na cabeça.

- cachaça e paixão, combinação perigosa – disse Natália.

- meu Deus, e eu não vi nada.

- gente, que barulho é esse? – surgiu Raffael do meu lado na
cozinha.

- ai mais um bêbado, tô vendo que vou ter que fazer mais
café pra esses cachaceiros. Toma aí. - disse Pietro entregando um copo pro
Raffael.

- cadê as gêmeas? – perguntei

- o pai delas passou aqui cedo pra buscar. – disse Natália.

- que horas elas vão hein? – perguntou Raffael.

- parece que agora de manhã ainda, o pai delas disse – disse
Jefferson

- vamos acordar todo mundo e vamos até lá pra nos despedir
delas. – disse a eles.

Acordamos o restante do pessoal e fomos até a casa das
gêmeas. Chegando lá, o caminhão já estava na frente e metade dos móveis já
estavam dentro do caminhão. Ajudamos com a mudança e na hora de partir, foram
muitos choros e abraços. Com certeza as gêmeas iam fazer muita falta e iam
deixar muita saudade. Jefferson era quem mais chorava, estava angustiado e
sofrendo. Mesmo com um abraço amigo meu, não foi  o suficiente para acalmá-lo. Voltamos para a
casa dele e lá ele apenas disse que ia se deitar, pois ainda estava cansado da
noite anterior e sem ânimo pra nada. Deixamos ele lá e o Bruno foi pra casa
dele e Eduardo e eu fomos para a minha casa.

Em casa, Eduardo e eu apenas almoçamos e já fomos dormir.
Acordamos às quatro da tarde. Eduardo foi arrumar a mochila dele, pois ele iria
embora no ônibus das sete da noite. Ficamos um tempo conversando e navegando na
internet até que deu a hora de levá-lo até a rodoviária. Meus pais e eu fomos
levar e ficamos até o ônibus chegar. Depois que ele foi embora, voltamos para
casa e fiquei no PC, conversando com os meus amigos e o Bruno pelo MSN.

Minha primeira semana de férias, começava preparando as
papeladas e matrículas pro começo das aulas. Na segunda feira à tarde eu e
minha mãe fomos à escola e ao cursinho para fazer a minha matrícula. Minha mãe
ainda estava meio apreensiva em me deixar estudar à noite, mas claro que ela
não podia negar que seria muito bom pra mim.

Durante a semana eu tive pouco contato com meus amigos,
apenas o Bruno com quem eu conversava mais e acertava como seria a viagem,
quando nós iríamos e tals.

Na quarta feira à tarde, estava tomando banho de piscina em
casa quando eu ouço o interfone tocar, só de sunga mesmo fui até o portão ver
quem era, já que eu estava sozinho em casa, me surpreendi ao ver que era o
Felipe.

- pois não? – perguntei a ele.

- o Thalles está? – perguntou ele

- sem gracinhas Felipe, o que você quer?

- vim ver como você está.

- bem, Obrigado e você?

- tô bem também.

- que bom né.

- Não vai me convidar pra entrar? – perguntou ele

- eu deveria?

- não sei.

- Felipe, você acha que eu já esqueci a briga de sábado e
você tentando se aproveitar de mim bêbado.

- dá pra entender que eu fiz aquilo por amor?

- estranho jeito de mostrar isso né?

- qual é Thalles, eu sei que você quer voltar pra mim.

- não teria tanta certeza assim. Escuta Felipe, entre nós
foi bonito, foi legal, mas acabou, não tem mais volta, você escolheu isso e
agora é tarde pra se arrepender. Agora eu to namorando o Bruno e é ele que eu
amo. Tenta entender isso vai.

- se for preciso, eu tiro ele do caminho pra voltar pra
você.

- nem tenta fazer isso Felipe.

- é o que vamos ver então.

- você tá louco Felipe.

- louco por você.

- menos vai.

- você vai voltar pra mim Thalles, basta eu tirar o Bruno do
caminho.

- Felipe, na boa, só nos deixe em paz.

- você tá muito gostoso só de sunga Thalles.

- tchau Felipe.

Fechei o portão na cara dele e voltei pra piscina. Lá dentro
eu fiquei pensando no que o Felipe disse, tava difícil de acreditar que o
Felipe estava mudado, mas pra pior. Eu não o reconhecia mais. Tirar o Bruno do
caminho? Será que ele pretende fazer algum mal a ele? Ele não estaria tão louco
a esse ponto. Deve ser só o ciúme falando mais alto. Enquanto eu tomava banho
de piscina meu celular começa a tocar e saí correndo pra atender. Chamada
Restrita. Geralmente eu não atendo quando é assim, mas dessa vez eu atendi. Uma
voz rouca falava.

- Thalles.

- quem é?

- Saia aqui fora agora.

- quem ta falando?

- vem aqui fora agora ou o seu namorado morre.

Nesse momento eu fiquei mais branco do que já sou e minhas
pernas começaram a tremer. Fui até o portão com o celular no ouvido ainda.
Quando eu abro o portão, o Bruno estava encostado no muro segurando o riso e
com a voz rouca, respondendo com o celular perto da boca.

- ou seu namorado morre de saudades. – e começou a dar
risada

Uma espécie de alívio e raiva tomou conta de mim naquele
momento.

- VOCÊ TA LOUCO BRUNO, ISSO É TIPO DE BRINCADEIRA QUE SE
FAÇA?

- desculpa amor, não sabia que você ia ficar tão chateado
assim.

- poxa cara, você me matou de susto.

- desculpa amor, prometo que não faço mais isso. Achei que
ia ficar contente em me ver.

- claro que eu tô contente de te ver, ainda mais vivo. Mas
por favor amor, nunca mais faz isso, só eu sei o que eu escutei agora pouco.

- como assim amor.

- Felipe esteve aqui agora pouco.

- veio fazer o que?

- encher o saco.

- só isso? O que ele disse que te deixou assustado.

- disse que ia tirar você do meu caminho, pra ficar livre
pra ele voltar pra mim.

- corno desgraçado.

- por isso fiquei assustado com essa brincadeira.

- ô amor, me desculpa, vem cá. – Bruno me abraçou, entramos
no quintal de casa e eu fechei o portão.

Ficamos ali namorando e conversando sobre a viagem até minha
mãe chegar.

- tenho que ir amor, tá ficando tarde.

- nós vamos amanhã à noite né amor. – perguntei ao Bruno

-sim, o ônibus sai às onze da noite e vamos chegar lá por
volta das cinco da manhã.

- sua mãe vai levar a gente na rodoviária?

- vai sim, ela vai passar aqui às dez.

- ok. Tchau amor.

- tchau

- Demos um beijo e o Bruno foi embora.

Na quinta eu passei o dia arrumando as minhas malas e
ajeitando algumas coisas para a viagem, o mais difícil foi arrancar dinheiro do
meu pai, mas como todo filho esperto, arranquei só um pouco do meu pai, o outro
pouco arranquei da minha mãe mesmo. Às nove da noite eu já estava na sala com
as minhas mochilas esperando o Bruno chegar. Fiquei conversando com meus pais e
escutando várias recomendações e conselhos, até o assunto da camisinha entrou em questão. Horacio
chegou em casa era dez e vinte da noite e só cumprimentou meus pais e já nos
levou até a rodoviária.

A rodoviária estava muito movimentada e o Bruno e eu fomos
procurar o ônibus, o achamos na plataforma 12 e fomos para embarcar.

Estava distraído conversando com o Bruno enquanto entrava no
ônibus que nem percebi que outro rapaz estava entrando.

- Não dá pra entrar os dois juntos no ônibus. – disse o rapaz.

- desculpa moço, estava distraído. – eu disse.

- então presta mais atenção.

- eita, já pedi desculpas.

- isso é o que dá viajar de ônibus, só dá gentinha assim, no
avião tava melhor.

- como é? – perguntei.

- isso mesmo que você ouviu.

- peraí cara, ele já te pediu desculpas, não precisa arrumar
confusão aqui na porta do ônibus. – disse Bruno.

- eu arrumo onde eu quiser.

- chega Ricardo, para de arrumar confusão amor. – disse uma
moça perto dele, mas já dentro do ônibus.

O rapaz apenas entrou no ônibus e em seguida entramos Bruno
e eu. Ainda pude escutar a moça conversando com o tal rapaz que se chama
Ricardo.

- nossa amor, que mal humor é esse? – disse a moça.

- odeio viajar de ônibus Camila. Cadê o Alex?

- não precisa descontar no rapaz.

- tá, eu exagerei, depois eu peço desculpas. Cadê o Alex?

- tá lá em baixo, já ele vem.

- o ônibus vai deixar ele pra trás.

- vai não Rick.

Enquanto isso Bruno e eu estávamos na poltrona do fundo,
mais afastados. Quando o ônibus ia sair, o motorista para o ônibus para subir
mais um passageiro, um rapaz entra e senta perto do casal, certamente era o tal
alex. Depois de ele subir, seguimos viagem e chegamos em Bonito às cinco da
manhã.

 




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